Perspectivas pastorais diante dos desafios da família

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<p>O texto ainda relembra que o diálogo sinodal permitiu chegar a um acordo sobre pastorais com casos mais urgentes<br /> &nbsp;</p>
Publicado em: 15/10/2014 - 10:00
Créditos: Edição nº 3023 do Jornal O SÃO PAULO – páginas 12-13

O Relatio post disceptationem destaca que o anúncio do Evangelho da família deve ser feito “com a ternura da mãe e a clareza da mestra”, e lembra que “a verdade é incorporada na fragilidade humana não para condenar, mas para curá-la”.

O texto ainda salienta que o diálogo sinodal permitiu chegar a um consenso sobre algumas instâncias pastorais mais urgentes, apresentando algumas perspectivas pastorais.

Preparação para o Matrimônio

Os padres sinodais foram unânimes em sublinhar a necessidade de um maior envolvimento de toda a comunidade com foco no testemunho das próprias famílias, bem como uma base de preparação para o Matrimônio no caminho da Iniciação Cristã, enfatizando a relação do Matrimônio com os outros sacramentos.

Uniões civis e convivências

O Relatório propõe “acolher a realidade positiva dos Matrimônios civis e, diferenças à parte, das convivências”, para acompanhar os casais na redescoberta do sacramento nupcial. “Mas o anúncio não pode ser meramente teórico e avulso dos problemas reais das pessoas”.

Nulidade Matrimonial

O Relatio aponta ainda à necessidade de “tornar mais acessíveis e ágeis os procedimentos de reconhecimento da nulidade matrimonial”, de incrementar a responsabilidade dos bispos locais e instituir a figura de um sacerdote que, adequadamente preparado, possa aconselhar as pessoas.

Recasados

Também as situações de divorciados novamente casados exigem um cuidadoso discernimento e acompanhamento, evitando qualquer linguagem e atitude que faz com que se sintam discriminados.

Sobre possível acesso aos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, foi sugerido que seja precedido por um caminho penitencial – sob a responsabilidade do bispo diocesano – e com um compromisso claro em favor dos filhos. “Esta seria uma oportunidade não generalizada, o resultado do discernimento implementado caso a caso, de acordo com uma lei de da gradualidade, que leva em conta a distinção entre um estado de pecado, estado de graça e atenuantes”, diz o texto.

Acolhida de pessoas homossexuais

O Relatório apresenta a questão da homossexualidade como um “importante desafio educativo” e convida os católicos a se questionarem se são capazes de acolher estas pessoas, garantindo-lhes espaços de fraternidade em suas comunidades.

“A questão homossexual nos interpela em uma séria reflexão sobre como elaborar caminhos realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica integrando a dimensão sexual: se apresenta, portanto, como um importante desafio educativo. Sem negar as questões morais relativas às uniões homossexuais é reconhecido que há casos em que o apoio mútuo e até o sacrifício constitui um valioso apoio para a vida dos parceiros. Além disso, a Igreja tem uma atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, insistindo que em primeiro lugar deve sempre colocar as necessidades e direitos das crianças”.

Comentado esse ponto do Relatório, o secretário especial do Sínodo, Dom Bruno Forte, reforçou que a Igreja não partilha que a mesma terminologia “família” possa ser indiferentemente aplicada à união entre um homem e uma mulher, aberta à procriação, e à união homossexual. “Dito isso, parece-me evidente que as pessoas humanas envolvidas nas várias experiências têm direitos que devem ser tutelados. Portanto, o problema é, sobretudo, não a equiparação tout court (tal qual, sem mais), inclusive terminológica, mas naturalmente isso não quer dizer que é preciso então excluir a busca também de uma codificação de direitos que possam ser assegurados a pessoas que vivem em uniões homossexuais. É uma questão – creio – de civilidade e de respeito à dignidade das pessoas”. (FG)

Fernando Geronazzo