Jovens refletem sobre o tráfico humano, suas causas e consequências

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<p>É para a liberdade que Cristo nos libertou (GL 5,1)</p>
Publicado em: 15/02/2014 - 14:30
Créditos: Jornal O São Paulo

Hildete Emanuele Souza, 33, nasceu na periferia de Salvador (BA), numa comunidade chamada Pedreiras. Lá cresceu e conheceu a Pastoral da Juventude. O nome, ela herdou da avó.  “Minha avó lutou por coisas que ainda hoje não conquistamos”, disse Hildete, durante uma assessoria que fez para um grupo de jovens da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de São Paulo, no sábado, 15, na Cúria da Região Episcopal Santana sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2014.

“Minha comunidade é uma ocupação e, por isso, os serviços da prefeitura não chegam lá”. Com todas as dificuldades de uma jovem negra da periferia, Hildete conseguiu ingressar na faculdade e terminou o curso de letras. “Quando disse que ia fazer faculdade, ninguém sabia direito o que era, pois oportunidade, numa comunidade como a minha, é ganhar na loteria”.

Atualmente, ela mora em Brasília (DF) e trabalha com os irmãos maristas na Pastoral da Juventude. Os jovens, reunidos para refletir sobre o tráfico humano, discutiram não só as modalidades de tráfico que existem, mas, sobretudo, as suas causas e consequências.

“A violência tem várias garras e uma delas é o tráfico humano. São questões que têm raízes na escravidão, quando as pessoas eram encaixotas e trazidas como mercadorias. Assim, é na miséria humana, nos lugares mais pobres, onde faltam sonhos e perspectivas, que o tráfico vai buscar gente. Lá onde a dignidade humana é ferida, onde não tem emprego, nem oportunidade, mas prevalece as relações injustas”, comentou Hildete.

Para Elaine Lima, educadora e membro da Pastoral, as vítimas da violência na cidade de São Paulo têm rosto, nome, sexo e idade. “A violência tem nome; tem idade, de 18 a 29 anos; tem cor; é negro; tem sexo, é homem; e tem lugar, é da periferia”.

Os jovens lembram o compromisso de ser uma Igreja em saída, como tem insistido o papa Francisco. “A gente precisa saber o nome, conhecer as pessoas às quais somos enviados. Na minha comunidade, em Salvador, o último jovem que morreu foi assassinado porque estava roubando cabelo para dar de presente à mãe, no dia do aniversário dela. O sonho dela era ter cabelo grande, mas recebeu, no dia do aniversário, o filho no caixão”, contou Hildete.

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