Da Polônia ao Brasil, a mesma fé na Divina Misericórdia

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A Festa da Divina Misericórdia aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, Bom Retiro. A missa foi presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos
Publicado em: 15/04/2015 - 14:15
Créditos: Redação

A comunidade católica polonesa de São Paulo e demais devotos celebraram a Festa da Divina Misericórdia no domingo, 12, na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, no Bom Retiro. A missa foi presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Sé.

Local onde mensalmente os fiéis da Capelania Polonesa se reúnem para missas no seu idioma materno, a Paróquia acolheu os devotos da Divina Misericórdia para a festa instituída em 2000 pelo também polonês São João Paulo II, e comemorada sempre no 2º Domingo da Páscoa.

A Divina Misericórdia tem sua origem na Polônia e se deve a Santa Faustina Kowalska, religiosa que, em seu diário, relatou ter recebido instruções de Jesus, através de aparições, para que desse a conhecer ao mundo a sua misericórdia. Segundo a devoção, Jesus, em suas aparições, mandou que pintassem um quadro que retratasse sua misericórdia, que deu origem à imagem mundialmente conhecida. Também faz parte dessa devoção ao Terço de Misericórdia, pelo qual se invoca a misericórdia Divina por intermédio da Paixão de Cristo, recitado geralmente às 15h, horário da morte de Jesus na cruz.

‘Estamos dispostos a viver em só coração é uma só alma’

Na homilia da missa, Dom Eduardo chamou a atenção para o fato de que a Divina Misericórdia deve ir além de uma devoção, mas que deve transformar o coração humano. “O amor do coração de Deus, se derramando por todos nós, nos convida a entregar também nossa vida por amor”. Disse.

Partindo do gesto supremo de Jesus ao entregar sua vida por amor, o Bispo indagou: “Estamos preparados para viver esse amor? Queremos viver esse amor?”. Ao citar a primeira leitura proclamada na missa, do Livro dos Atos dos Apóstolos, que narra que a comunidade dos primeiros cristãos “era um só coração, é uma só alma”, Dom Eduardo salientou que essa comunidade não ressaltava as diferenças existentes em seus membros, mas que muitas vezes são ressaltadas pelos cristãos da atualidade. “Essas diferenças que nós ressaltamos muitas vezes nos impedem de viver a misericórdia. Deus ama o ser humano e pronto. Estamos dispostos a viver em só coração é uma só alma?”

Ainda de acordo com o Bispo, celebrar a misericórdia do coração de Jesus é celebrar a disposição de cada um ir ao encontro daqueles que sofrem e pelos quais Cristo deu a vida.  

Devoção crescente no Brasil

A empresária aposentada Sulamit Pedrassoli, 66, foi quem começou a organizar essas missas anuais da Festa da Divina Misericórdia há mais de 15 anos. “Recebi muitas graças de Jesus Misericordioso e por isso senti a necessidade de propagar essa devoção”, explicou, contando que, no início, as missas aconteciam em outras paróquias até se fixar no Bom Retiro por ser onde a comunidade polonesa se reúne. Sulamit relatou que no Diário de Santa Faustina, o próprio Jesus afirma sua afeição pelo povo polonês e diz: “Dela [Polônia] sairá a centelha que prepara o mundo para minha vinda derradeira”.

“Nossa missão é desempenhada em sintonia com o Santuário de Divina Misericórdia de Curitiba (PR), onde há uma comunidade polonesa forte, para que o conteúdo original da devoção não se perca”, também explicou a empresária.

Para a polonesa Gertruda Bak Ciesieslski, 65, a espiritualidade da Divina Misericórdia é muito profunda. “Eu sempre procuro tornar a devoção conhecida, principalmente depois de conhecermos o trabalho da Sulamit”, conta.

“Na Polônia, a devoção é muito forte, ainda mais depois que o Papa João Paulo II a propagou para o mundo”, contou a polonesa que mora há 47 anos no Brasil, lembrando que essa é a primeira festa da Divina Misericórdia depois da canonização do Pontífice polaco, orgulho do país.