Caminhos da Iniciação à Vida Cristã (10) - Dom Tarcísio Scaramussa, SDB

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Publicado em: 31/07/2014 - 09:00
Créditos: jornal O São Paulo - ed. n. 3013

Se acontecer que algum cristão católico não consiga viver a dimensão e a atitude do diálogo, devemos concluir que a iniciação à vida cristã de fé deixou a desejar neste aspecto. Desejo recordar hoje algumas iluminações a este respeito que encontramos na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do papa Francisco.

Primeiro, é preciso considerar que “a evangelização implica também um caminho de diálogo. Neste momento, existem sobretudo três campos de diálogo onde a Igreja deve estar presente, cumprindo um serviço a favor do pleno desenvolvimento do ser humano e procurando o bem comum: o diálogo com os Estados, com a sociedade – que inclui o diálogo com as culturas e as ciências – e com os outros crentes que não fazem parte da Igreja Católica” (E.G., n. 238).

Tarefa empenhativa de nosso tempo é o diálogo entre a fé, a razão e as ciências. “O cientificismo e o positivismo recusam-se a ‘admitir, como válidas, formas de conhecimento distintas daquelas que são próprias das ciências positivas’. A Igreja propõe outro caminho, que exige uma síntese entre um uso responsável das metodologias próprias das ciências empíricas e os outros saberes como a filosofia, a teologia, e a própria fé que eleva o ser humano ao mistério que transcende a natureza e a inteligência humana... Toda a sociedade pode ser enriquecida através deste diálogo que abre novos horizontes ao pensamento e amplia as possibilidades da razão. Também este é um caminho de harmonia e pacificação” (E.G., n. 242), uma tarefa importante para a iniciação cristã.

O diálogo ecumênico, com os cristãos, e o diálogo interreligioso, com todos os homens que procuram com sinceridade a Deus, é o outro aspecto lembrado pelo papa. “O compromisso ecumênico corresponde à oração do Senhor Jesus pedindo ‘que todos sejam um só’ (Jo 17,21). A credibilidade do anúncio cristão seria muito maior, se os cristãos superassem as suas divisões e a Igreja realizasse ‘a plenitude da catolicidade que lhe é própria naqueles filhos que, embora incorporados pelo batismo, estão separados da sua plena comunhão’. Devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos. Para isso, devemos abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus” (E.G. n. 244; cf. Também nn. 246 e 257).
 

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal da Região Sé

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