“Amor e Misericórdia”

A A
<p>Dom Bruno Forte fala em entrevista, sobre os desafios atuais na evangelização das famílias.</p>
Publicado em: 06/08/2014 - 15:30
Créditos: Revista Vida e Família

Em entrevista exclusiva, a Revista Vida e Família Julho-setembro 2014 conversou com o arcebispo italiano, dom Bruno Forte, sobre os desafios atuais na evangelização das famílias. Para ele, é na família que se vive toda a dignidade humana.

Entre as dificuldades enfrentadas pelas famílias está a separação; o divórcio dos casados. São situações que machucam pais, filhos e familiares. Na busca pela felicidade, os divorciados buscam um novo relacionamento. Muitas vezes, essas pessoas que assumem uma segunda união são vistas com preconceitos pela sociedade e até mesmo dentro da Igreja. Para o arcebispo de Chieti-Vasto (Itália), dom Bruno Forte, “essas pessoas não estão fora da Igreja, mas, são parte da Igreja. O olhar de Deus está sobre cada um, com misericórdia. Estou convencido de que o Senhor olha para essas pessoas com amor e misericórdia”.

O arcebispo não hesita em dizer: “Devemos buscar os meios necessários para testemunhar essa misericórdia infinita em situações difíceis e irregulares. Devemos buscar caminhos para testemunhar com a Igreja, a misericórdia de Deus, na acolhida e no perdão”.

Dom Bruno foi nomeado pelo papa Francisco como secretário especial da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos. Para ele, o papa Francisco tem motivado uma Igreja missionária que vai ao encontro das famílias. “Uma Igreja em saída, que não é autorreferencial, mas que vai às periferias geográficas e autoexistenciais do mundo para dar testemunho do amor e da misericórdia de Deus”. De acordo com o arcebispo, o próximo Sínodo quer contribuir para com a missão da Igreja. “Estamos descobrindo uma Igreja amiga, próxima e fraterna”, comenta dom Bruno.

Qual a proposta do Sínodo sobre a Família?
Acredito que sejam duas as grandes intenções do Sínodo, sendo a primeira, anunciar o Evangelho da Família no tempo como o nosso, onde a família está em crise. Proclamar a beleza da família, o evangelho de ser esposo e esposa, abertos a vida e a geração de filhos. A segunda intenção trata-se de buscar vias para manifestar em todas as situações difíceis e irregulares, o amor de Deus.

Como a Igreja pretende responder aos desafios da evangelização da família?
Há uma espera muito grande em todo o mundo em relação a esse Sínodo. Por isso, somente a graça de Deus para nos ajudar a responder a esses desafios. Confiamos no Senhor e trabalhamos juntos com muita confiança na colegialidade dos bispos, como é a intenção do papa Francisco.

São João Paulo II e a família, o que dizer?
Eu preguei no último retiro da vida do papa João Paulo II. Ele fazia questão de estar sempre presente nesses encontros. Eu disse ao papa: ‘o senhor tem uma saúde muito boa’, pois ele ouviu cerca de vinte e duas das minhas pregações. Ele riu e disse que ‘sim’. João Paulo II era um homem muito humano, de uma grande espiritualidade. Um homem habitado por Deus, rico em graça. Esse deve ser o caminho de toda a Igreja, ser habitada por Deus e, ao mesmo tempo, ser uma Igreja rica em humanidade.

Existe um modelo de família?
Sim, a Família de Nazaré. Maria, José e Jesus. Tem um discurso maravilhoso do papa Paulo VI sobre o silêncio de Nazaré. Como é importante a escuta recíproca na família, da presença de Deus. Em toda a família é necessária a presença de Jesus para dar sentido à vida em família. Podem orar juntos, trabalhar e valorizar a expressão da dignidade da pessoa humana.

Qual a sua mensagem à Pastoral Familiar?
Muito obrigado aos agentes da Pastoral Familiar. É esse o trabalho que o Sínodo espera fazer por toda a Igreja. Por isso, estamos unidos em oração com cada um, com as famílias, os engajados nos trabalhos da Pastoral Familiar. É na família que se acolhe o futuro da vida, as crianças, os jovens. Também é na família que os mais velhos têm a possibilidade de serem amados e acolhidos.