“A verdadeira reforma que o papa pretende é a espiritual”, afirma cardeal Damasceno

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Publicado em: 14/03/2014 - 09:30
Créditos: CNBB

Créditos: Elza Fiúza / ABr

O arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, e o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, divulgaram hoje, 13, em entrevista coletiva à imprensa, duas mensagens aprovadas pelo Conselho Permanente da Conferência. Os bispos falaram, ainda, sobre os assuntos tratados durante a reunião do Conselho, realizada desde terça-feira, 11, na sede da CNBB, e que terminou hoje, 13, pela manhã.

Os bispos do Conselho Permanente enviaram uma carta ao Papa Francisco, que celebra hoje um ano de pontificado.

Em 13 de março de 2013, o cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, foi eleito o papa da Igreja Católica. Neste primeiro ano, Francisco destacou-se, segundo cardeal Damasceno, por gestos e sinais, pelo que tem dito e pelo que tem feito. “Seu trabalho tem sido tão intenso que parece até mais longo do que um ano”, afirmou.

Ao lembrar as ações de mudanças realizadas na Igreja, como a aprovação do estatuto da Autoridade de Informação Financeira (AIF) do Vaticano e a aprovação do Conselho e da secretaria para supervisionar e coordenar as atividades administrativas e econômicas da Santa Sé, dom Damasceno recordou também que, além da reforma da Cúria, o papa considera, ainda mais importante, uma reforma espiritual. “A verdadeira reforma que o papa pretende, e que todos nós devemos pretender como Igreja que somos, é essa reforma espiritual e pastoral. A reforma da Cúria é importante, mas não o mais importante de tudo no pontificado do papa Francisco”, salientou.

Copa do Mundo
Outro tema em debate, durante a reunião do Conselho Permanente da Conferência dos Bispos, refere-se à realização da Copa do Mundo. Os bispos aprovaram uma mensagem, também disponível no site da CNBB, na qual afirmam acompanhar, "com presença amorosa, materna e solidária”, o evento que reunirá vários países e que protagonizará a oportunidade de um “congraçamento universal”. Segundo os bispos, a Copa é uma ocasião para refletir sobre as relações pacíficas e culturais entre os povos e os aspectos sociais e econômicos que envolvem o esporte.

No texto, a Conferência lamenta que o aspecto econômico tenha prevalecido na organização dos jogos, gerando as manifestações populares que reivindicaram a soberania nacional, o respeito aos mais vulneráveis e políticas públicas “que eliminem a miséria, estanquem a pobreza e a violência e garantam vida com dignidade a todos”. Também foi feito um convite à sociedade brasileira para aderir ao projeto Copa da Paz e à campanha Jogando a favor da vida – denuncie o tráfico humano. “O objetivo é contribuir para que a Copa do Mundo em nosso país seja lembrada como tempo de fortalecimento da cidadania”, ressaltam.

Outras ações, como a publicação e distribuição de materiais falando das campanhas de conscientização sobre a Copa, estão previstas para o período do mundial.

Diretório de Comunicação
Também hoje, o Conselho Permanente da CNBB aprovou o Diretório de Comunicação, uma iniciativa da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação. Trata-se de um documento da Conferência que irá contribuir para a reflexão das práticas comunicativas na Igreja e na sociedade. Tem o objetivo de fomentar a implementação da cultura da comunicação na Igreja do Brasil. O texto foi aprovado após 13 anos de pesquisas, análises e práticas de comunicação nas dioceses, paróquias e comunidades. “O Diretório de Comunicação sempre foi um desejo da Conferência", afirmou dom Damasceno. Segundo o bispo, o conteúdo para a produção do texto contou com a colaboração efetiva de pesquisadores, profissionais e agentes da Pastoral da Comunicação.

Eleições 2014
Estiveram  em pauta na reunião do Conselho Permanente a Reforma Política e as eleições  2014. Dom Damasceno falou sobre a coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular pela reforma política e eleições limpas. Junto com outras entidades, a CNBB está empenhada na captação de 1,5 milhão de assinaturas para que o projeto de lei possa ser encaminhado ao Congresso Nacional. Segundo ele, já foram coletadas mais de 300 mil assinaturas.

Com relação às eleições, o secretário geral, dom Leonardo Steiner, disse que, na Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, a ser realizada de 30 de abril a 9 de maio, em Aparecida (SP), haverá uma declaração sobre o momento político. Os bispos pretendem, ainda, elaborar uma cartilha sobre as eleições. “A questão é conscientizar os brasileiros sobre a importância da participação. Nós todos somos agentes políticos. Queremos mostrar a importância do envolvimento da comunidade e também orientar o cristão católico sobre como participar das eleições e discutir sobre os candidatos”, explicou dom Leonardo.

Campanha da Fraternidade
Outro assunto abordado na reunião do Conselho Permanente e apresentado na coletiva foi a Campanha da Fraternidade de 2014, que  propõe o tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e o lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” para reflexão. Os bispos fizeram uma avaliação das primeiras ações após a abertura. De acordo com o presidente da CNBB, a campanha tem “provocado a sociedade em geral”, gerando debates e iniciativas, como a colaboração da Comissão Parlamentar de Inquérito do Tráfico Humano que esteve reunida com a presidência da CNBB na noite de ontem, 12.

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