“Uma comunidade quando se fecha em si mesma, adoece e morre”, diz papa Francisco à Febic

A A
Reunidos para a 10ª Assembleia Ordinária, os membros da Federação Bíblica Católica (Febic) foram recebidos pelo papa Francisco, na sexta-feira, 19, no Vaticano.
Publicado em: 23/06/2015 - 07:00
Créditos: Redação, com CNBB.

Na ocasião, Francisco falou espontaneamente e fez um alerta. Segundo o papa, "uma comunidade quando se fecha em si mesma e se esquece que foi enviada a anunciar o Evangelho enfraquece, adoece e morre”. O evento iniciou no dia 18 e prosseguirá até esta terça-feira, 23, com o tema: “O que temos visto e ouvido, vos anunciamos também a vocês”. Durante a Assembleia, os participantes recordam os 50 anos da promulgação da Constituição dogmática Dei Verbum.

 Para o papa, existem dois modos de morrer: “fechado em si mesmo" ou "oferecendo a vida como testemunho”. “Uma Igreja que tem a coragem, a paresia, de levar em frente a Palavra de Deus e não se envergonhar, está no caminho do martírio”, disse ao recordar algumas dioceses do norte da África na época de Santo Agostinho.

Ainda sobre martírio, lembrou o sentido do testemunho presente no termo e apresentou o exemplo de São Paulo como modelo da "Igreja em saída”. O apóstolo, segundo Francisco, não permanecia nas igrejas que visitava, mas deixava alguém e continuava a sua missão em outra comunidade.

Dei Verbum

O papa Francisco também preparou um discurso para o grupo da Febic. O texto, que abordava a animação bíblica da Pastoral e os 50 anos da Constituição Dogmática Dei verbum sobre a Revelação Divina, foi entregue aos participantes da audiência.

''Para poder anunciar a palavra da verdade, temos que fazer nós mesmos a experiência da Palavra: ter escutado, contemplado, tocado com nossas mãos. Os cristãos, que são o povo adquirido por Deus para anunciar seus louvores, devem em primeiro lugar, como sugere a Dei Verbum, venerar, ler, escutar, anunciar, pregar, estudar e anunciar a Palavra de Deus”, disse Francisco.

O pontífice fez um convite para os membros da Federação realizarem o trabalho de valorização do documento do Concílio Ecumênico Vaticano II, “assim como o Magistério subsequente, enquanto comunicais a ‘alegria do Evangelho’ até os confins da Terra, em obediência ao mandato missionário”.

No texto que foi entregue aos participantes, o papa fala dos lugares onde a Palavra não foi proclamada, ou ainda que, mesmo proclamada, “não tem sido aceita como Palavra de salvação”. Para Francisco, são locais em que está esvaziada de sua autoridade. “A falta do apoio e da força da Palavra leva a um enfraquecimento das comunidades cristãs de tradição antiga e dificulta o crescimento espiritual e o fervor missionário das Igrejas jovens”, alertou.

Conforme Francisco, deve ser feito um esforço para que “apareça o lugar central da Palavra de Deus na vida da Igreja”. “Devermos nos assegurar de que as atividades habituais de todas as comunidades cristãs, nas paróquias, nas associações e nos movimentos, tenham uma preocupação real pelo encontro pessoal com Cristo que se comunica conosco em sua Palavra”, acrescentou.