Clero reflete sobre síndrome de “burnout”

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Na reunião geral do dia dois de junho, o clero da Região Episcopal Ipiranga refletiu sobre a “síndrome de burnout”. Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional.
Publicado em: 09/06/2015 - 07:00
Créditos: Padre Ricardo Antônio Pinto.

Na reunião geral do dia dois de junho, o clero da Região Episcopal Ipiranga refletiu sobre a “síndrome de burnout”. Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições desgastantes de trabalho físico, emocional e psicológico. A síndrome manifesta-se especialmente em pessoas cuja atuação exige envolvimento interpessoal direto e intenso. O termo “burnout” significa, na tradução do inglês, burn quer dizer queima e out exterior.

O assessor foi o Pe. Cícero Alves de França, reitor do Seminário de Teologia Bom Pastor da Arquidiocese de São Paulo que associou algumas características do “burnout” à vida sacerdotal. Partindo de uma pesquisa intitulada “Ser ardoroso para não se queimar”, realizada com o clero da diocese de Padova, na Itália, Pe. Cícero alertou que a síndrome está também atingindo os padres e diáconos, tonando-os desiludidos e desanimados na missão que lhes é confiada. Nesse contexto, o fenômeno está sendo também chamado de “síndrome do Bom Samaritano” pois diminui a capacidade de compaixão, justamente nos que são chamados a comunicar essa virtude.

O Decreto “Presbyterorum Ordinis”, que trata sobre o ministério e a vida dos presbíteros no Concílio Vaticano II, serviu de base para a reflexão reiterando a caridade pastoral realizada com os mesmos sentimentos de Cristo, como o resultado do equilíbrio humano-espiritual do padre e do diácono. Pe. Cícero sinalizou também alguns aspectos como a fragmentação da personalidade, a ausência de compromissos definitivos e o surgimento de expectativas vazias como parte da extensa lista de sintomas da presença da síndrome. Comparando com uma “cárie” que corrói a vida do padre, citou o Pe. Amedeo Cencini, italiano, especialista no acompanhamento psicológico-espiritual de padres e religiosos, quando define que “O padre é uma figura em permanente estado de cansaço”. Portanto, um potencial candidato ao “burnout”, enfatizou.

Como antídoto ao crescimento da síndrome no clero, foram elencadas algumas pistas. O indispensável conhecimento de si mesmo em todos os níveis, um “banho” de humildade sobre a realidade da própria vida e uma conversão autêntica são algumas dessas pistas. Sobretudo, foi indicada a comunhão fraterna com outros padres e diáconos como estilo de vida a ser buscado e experimentado. “Essas são formas decisivas para escapar do “burnout””, concluiu Pe. Cícero.

Dom José Roberto agradeceu pela valiosa contribuição oferecida pelo Pe. Cícero e convidou os padres e diáconos a cuidarem da saúde, do repouso semanal e, principalmente da vida fraterna no clero.