Encenação da Paixão de Cristo é mais que uma peça de teatro

A A
<p>Pelas ruas do bairro de Taipas via-sacra recorda os passos de Jesus a caminho do calvário</p>
Publicado em: 08/04/2015 - 14:15
Créditos: Nayá Fernandes/Renata Moraes/Pascom Brasilândia

Mais que o silêncio da sexta-feira, 3, dia em que a Igreja Católica recorda e celebra, a cada ano, a morte de Jesus, tendo sempre presente a certeza da Ressurreição, no estacionamento do Supermercado Atacadão, no bairro de Parada de Taipas, podia-se ouvir o burburinho das pessoas que foram assistir à “Encenação da Paixão de Cristo”, atividade que reuniu seis mil pessoas, segundo informações da Polícia Militar.

            Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, fez a abertura do evento e, em entrevista ressaltou que “a Semana Santa oferece muitos meios para celebrar a fé. A encenação é um deles. Não é só um espetáculo, é uma expressão de fé. Um momento de alegria ao ver como as pessoas se emocionam e se sentem solidárias com o sofrimento de Cristo e com o sofrimento umas das outras”.

            O elenco do espetáculo é composto por quatro grupos que fazem parte de paróquias da Região Brasilândia. São eles: o Grupo Arte de Viver (GTAV), o Cia de Teatro Monfort, a Comunidade Missão Mensagem de Paz e o Ministério de Artes Cristo Libertador. Paulo Gratão, assessor de imprensa do Grupo, explicou que é a segunda vez que quatro grupos se unem para a apresentação. “São cerca de 150 pessoas no elenco, que realizam ensaios desde fevereiro de 2015, mas a preparação do roteiro e da produção começou ainda em 2014. Vemos este ano um amadurecimento desta parceria, o que faz com que o momento não seja só uma peça de teatro”, disse Paulo.

            Foi a primeira vez que Beatriz Luz, 17, atriz, participou da encenação. Desde criança ela queria ser atriz. “Apresentei a primeira peça aos 10 anos e desde então comecei a estudar, fazer cursos. Nunca tinha feito uma personagem religiosa e por isso, para representar Verônica, mulher que enxuga o rosto de Jesus, precisei de muita pesquisa. Além disso, o elenco é maravilhoso e muito dedicado”, relatou a jovem.  

            Clayton Lima, o ator que representou Jesus, chegou à 7ª vez interpretando Jesus. “Meu corpo inteiro está numa tensão muito forte. Mas esta tensão faz parte da vida do ator. É uma emoção interpretar Jesus, o maior personagem da história, sem dúvida. Cristo veio mostrar o caminho do amor e esse amor transborda. Isso é muito importante”, disse Clayton.

Além da encenação, que durou cerca de três horas, incluindo a via sacra pelas ruas do bairro. O grito pela paz e as dores de todas as mães que perderam seus filhos, vítimas da violência, sobretudo nas periferias, foi um dos momentos fortes da noite, na cena em que Maria acolhe em seu colo Jesus morto e retirado na cruz.

            O tema da Campanha da Fraternidade deste ano, Igreja e Sociedade, foi contemplado no roteiro que teve como tema principal: “Quem quer ser grande, que se faça servo. Uma Igreja de portas abertas sem medo de amar. Eu vim para servir”. Dom Devair falou ainda sobre a cultura da indiferença, como tem insistido o Papa Francisco. “Que este dia de oração nos ajude a quebrar a indiferença e isso pode ser feito com pequenas atitudes, até mesmo a de limpar a nossa casa ou nosso quintal. Isso também é testemunho cristão. É importante que cada um assuma no seu papel social com a missão de testemunhar o amor de Cristo”.