Lc 2,16-21

“Não podemos perder a esperança de que o ano de 2016 nos veja a todos firmes e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a realizar a justiça e a trabalhar pela paz. A paz é dom de Deus, mas confiado a todos os homens e a todas as mulheres que são chamados a realizá-lo” (Papa Francisco - Dia Mundial da Paz)

Com essas palavras quero iniciar a meditação do evangelho no primeiro dia do ano na festa de Santa Maria, Mãe de Deus, e também Dia Mundial da Paz. Maria deu à luz aquele que chamamos de Príncipe da Paz. Jesus nasce filho de viajantes forçados a sair da sua casa por força opressora do império, pois a finalidade de um recenseamento era alistar todos para a cobrança de impostos.

Assim, o Messias nasce em condições indignas como nascem e se criam milhões de crianças todos os anos na nossa sociedade atual. Na leitura de hoje, Lucas introduz mais personagens: os pastores. Na época de Jesus, os pastores eram excluídos da religião oficial porque não tinham condições de cumprir a totalidade da Lei. Mas são eles que Deus escolhe para testemunhar o nascimento do Messias.

É importante meditar como Lucas nos apresenta a figura de Maria neste texto. Enquanto todos que ouviam os pastores ficavam maravilhados. (Lc. 2,18) Maria, por sua vez, guardava todas essas coisas meditando-as em seu coração. (Lc.2,19)  Com isso, Lucas enfatiza que Maria não captou de imediato todo o sentido daquilo que ouviu e estava acontecendo, mas meditava as palavras, contemplando-as para descobrir o seu significado.

Maria cresceu na fé, acolhendo e discernindo o sentido profundo dos acontecimentos. Ela é a peregrina na fé, modelo de todos nós, nos convidando a mergulhar nos relatos do evangelho, contemplando os mistérios da vida de Jesus e o que eles podem significar para nós hoje.

Como dissemos, hoje também celebramos o Dia Mundial da Paz. O evangelho de Lucas nos diz: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos que Ele ama.” (Lc. 2,14) Uma forma de dar glória a Deus é à criação da paz entre as pessoas. A nossa interpretação da palavra “paz” muitas vezes capta somente uma parte do seu significado original.

Shalom, palavra hebraica, não se limita a uma ausência de violência física, mas inclui a realização de tudo o que Deus deseja para seus filhos e filhas. O versículo natalino nos convida e desafia para que demos “Glória a Deus” através do nosso esforço em criar um mundo de “Shalôm”- “onde todos possam ter a vida e a vida em abundância.” (Jo.10,10)

Termino a reflexão com as palavras do Papa Francisco: “Confio à intercessão de Maria Santíssima, Mãe solícita, pelas necessidades da humanidade, para que nos obtenha de seu Filho Jesus, Príncipe da Paz, a satisfação das nossas súplicas e a benção do nosso compromisso por um mundo fraterno e solidário. (Mensagem da Paz do Papa Francisco)