Sinais de Deus... - Raul de Amorim

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21/10/2015 - 14:45

Os primeiros versículos da leitura de hoje fazem lembrar um fato interessante que acontece no Nordeste onde o saber popular e a ciência se unem para prever se haverá chuva. Há 19 anos, na cidade de Quixadá (158 km de Fortaleza no Ceará) mulheres e homens se reúnem para participar de um encontro chamado: “profetas da chuva”. Essas pessoas trazem dos ancestrais experiências interpretativas sobre plantas, animais e astros.

Um dos profetas da chuva assegura: “A abelha, por exemplo, só constrói a colméia (inchu) quando sabe que vai ter chuva para fazer florescer e ter alimento para as abelhas que nascerem. Outro  analisa as árvores e conclui que as precipitações serão espessadas. “Elas (arvores) estão carregando pouco.” “O Juazeiro, por exemplo, está atrasado e a Cajarana também não está floreando tanto.” Esses e outros saberes do povo me levam ao pensamento de Santo Agostinho que dizia que a natureza, a criação é o primeiro livro de Deus.

Jesus repreende as pessoas porque elas sabem distinguir os sinais da natureza, mas não têm sensibilidade para perceber os sinais libertadores realizados por Ele. É fundamental as pessoas compreenderem o alcance da ação do Messias, do mesmo modo como identificam pela observação da natureza, as mudanças climáticas.

Jesus está no meio deles, demonstra inúmeros sinais e mesmo assim muitos o ignoram fecham os olhos e ouvidos à verdade revelada. Ouvem mas não escutam, vêem e não enxergam. Não conseguem perceber a pessoa de Jesus: O Filho Unigênito enviado pelo Pai.

Nas questões fundamentais da vida tais como a justiça, o direito e a dignidade, a mente fica enganada pela mídia. Somos levados a acreditar somente naquilo que os meios de comunicação nos apresentam. Jesus com sua prática e sua palavra, leva o povo a se libertar daquilo que o massifica e começa a fazer um senso crítico sobre a realidade que vive. As comunidades devem dar continuidade à proposta de Jesus.

Os versículos 57 a 59 nos alerta para a urgência do discernimento e da decisão. Se não se chega a um acordo, enquanto os adversários estão a caminho do tribunal, o culpado será punido na certa. O bom senso recomenda não perder a chance.

O seguidor de Jesus deve ter consciência como se estivesse diante da última oportunidade de aderir integralmente ao Reino e conformar sua vida com ele. Adiar pode ser fatal. O cristão não pode se dar ao luxo de agir como se tivesse um longo tempo pela frente. A hora é agora.

Termino a reflexão fazendo memória do Concílio Vaticano ll no documento Gaudium et Spes: “É dever da Igreja investigar a todo momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às perguntas acerca do sentido da vida presente e futura, e da relação entre ambas.” (GS 4)