Sejamos facilitadores da graça - Diácono Mario Braggio

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19/01/2016 - 00:15

Mc 2,23-28

Jesus e seus discípulos atravessam por uns campos de trigo. As espigas estão maduras. Os discípulos, com fome, arrancam algumas delas para comer. Até aí, tudo bem... Para os fariseus, porém, isso é um problema. Sempre incomodados com a prática, dirigindo-se a Jesus, chamam a sua atenção e o acusam ao mesmo tempo: “olha! Por que eles fazem o que não é permitido em dia de sábado?”. [Debulhar as espigas para extrair os grãos era considerado como preparação de alimentos, ou seja, um dos 39 trabalhos não permitidos no sábado]

Jesus não parece disposto a dar muitas explicações. Responde-lhes com um exemplo bíblico do rei mais amado: Davi, fugindo de Saul, foi parar num lugar chamado Nobe. Ele e seus companheiros estavam famintos. Davi pediu pão ao sacerdote. Nada havendo para comer, Abiatar deu-lhes os pães consagrados que somente os sacerdotes podiam consumir.    Afinal, a vida precisava ser preservada, ainda que se contrariasse as convenções religiosas... Ora, se o sacerdote, fiel e zeloso observador da lei e da tradição, foi capaz de tal atitude em benefício da vida, o que não esperar do Salvador? Jesus não deixa dúvida que veio para nos libertar inclusive das leis opressoras contrárias à vida: “o sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. A lei deve favorecer, proteger, preservar a vida – sempre e em todo lugar.

Jesus nos ensina que devemos agir considerando os valores supremos da vida e da liberdade, e viver a nossa fé com bom senso. O projeto da Igreja não é outro senão o projeto de Deus e este sempre está a favor do homem. O projeto do discípulo missionário, portanto, não pode ser outro. Não sejamos nós fariseus de plantão, “encerrados nas estruturas que nos dão uma falsa proteção”, atrelados às “normas que nos transformam e juízes implacáveis”, discípulos dificultadores ou “controladores da graça”, mas seus “facilitadores”. Devemos, na nossa esfera de ação, ajudar a “manter as portas abertas”, para que os filhos pródigos “possam entrar sem dificuldade” (cf. EG, 46-47.49).