Resumo da Lei - Raul de Amorim

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19/08/2016 - 00:15

Mt. 22,34-40

Jesus está no Templo, onde ocorre um debate entre Ele e os seus opositores. Na leitura de hoje, os responsáveis pelo ensino religioso querem saber qual é o maior mandamento. Em nossos dias as pessoas também procuram saber como chegar mais perto de Deus e aprofundar a sua religiosidade.

Mt.22,34-35: Quando ouviram que Jesus havia fechado a boca dos saduceus, os fariseus se reuniram em grupo. E um deles lhe perguntou: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”

Um doutor da Lei que tinha acompanhado o debate ficou impressionado com o ensinamento de Jesus, e aproveita a ocasião para lhe questionar. Ele quer saber se pode sintetizar a Lei ou tinha que saber todos eles para cumprir.

É importante lembrar que no tempo de Jesus os judeus tinham uma grande quantidade de normas para regulamentar a observância dos 10 Mandamentos. Eram 613 preceitos, 365 proibições: “Não pode isso, não pode aquilo” e 248 formulados de maneira positiva: “Faça tal coisa... cumpra isso ou aquilo...” Para o povo simples era uma exigência quase impossível de cumprir, sem possibilidade de lembrar cada um dos mandamentos e seus requisitos.

É bom lembrar que nessa época, como também acontece hoje em nível mundial, muitas pessoas eram analfabetas. Por isso, talvez, alguns fariseus consideravam que era necessário simplificar a Lei e procurar-lhe um princípio central, uma chave de interpretação.

Mt.22,37-38: Jesus respondeu: “Ame o Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda sua alma e com toda sua mente. Esse é o primeiro e maior mandamento.”

Jesus responde citando um trecho da Bíblia: “Escute Israel! Javé é o nosso Deus, Javé é um. Portanto, ame Javé, o seu Deus, com todo coração, com toda a alma e com todas as suas forças.” (Dt. 6,4-5) No tempo de Jesus, os judeus piedosos recitavam este preceito três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à noite. Era tão conhecida entre eles como entre nós, hoje é o Pai-Nosso e a Ave-Maria.

Mt.22,39-40:  “E o segundo é semelhante ao primeiro: Ame o seu próximo como a si mesmo.”

Mais uma vez Jesus recorre à Sagrada Escritura. (Lv.19,18) Ao dizer que o segundo é semelhante ao primeiro, Jesus os unifica, ou seja, não existe separação entre o amor verdadeiro a Deus, e ao próximo. O amor que Jesus ensina tem como centro Deus e o ser humano, amores inseparáveis que se fundem num só! Jesus reafirma assim a dignidade de todas as pessoas, gêneros e etnias como imagem e semelhança de Deus. São duas faces da mesma moeda. Poderíamos dizer que são o resumo de toda a Bíblia.

 E Jesus complementa: “Toda Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos”. Jesus dá como interpretação da Lei, o amor a Deus e ao próximo dando uma reviravolta na mentalidade da maioria dos judeus. O ser humano deve sair de si, tanto para proclamar a grandeza e a bondade do Criador, diante de quem reconhece a própria pequenez e limitação, quanto para estabelecer relações fraternas com os semelhantes.

Que nós, discípulas e discípulos de Jesus, coloquemos na memória, na inteligência, no coração, nas mãos e nos pés esta lei maior: “não se chega a Deus a não ser através da doação ao próximo."