Rejeição da Comunidade - Raul de Amorim

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30/07/2015 - 21:00

Mt 13,54-58

Rejeição da Comunidade

O evangelho de hoje conta como foi a visita de Jesus a Nazaré, sua comunidade de origem. É sempre bom voltar para a terra da gente. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi para a reunião da comunidade. O evangelho nos diz que Ele ensinava na sinagoga e todos ficavam admirados: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres?" Não conseguem compreender como, sendo Jesus um simples carpinteiro, pode ter a sabedoria e o poder do Messias.

Jesus, filho do lugar, que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? “Não é ele o filho do carpinteiro?" O povo não aceitou o mistério de Deus presente numa pessoa comum como ele. Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente. Em nome de uma origem modesta, rejeitam o mérito evidente. Como se vê, a visita não foi bem sucedida.

O conflito não é só com os de fora, mas também com os parentes e com o povo de Nazaré. Não podem compreender como alguém que não estudou, o filho de um simples carpinteiro, tenha uma sabedoria que os entendidos da religião e do poder não possuem.

A atitude do povo de Nazaré não conseguiu intimidar o projeto de Jesus. Ele sabe muito bem que “santo de casa, não faz milagre”: “Não existe profeta sem honra, a não ser em sua terra e em sua casa” (Mt 13,57b). A falta de fé impediu que o povo de Nazaré se abrisse para acolher a Boa Nova. De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada.

Às vezes sofremos a mesma experiência de Jesus. Não conseguimos despertar na comunidade e nas pessoas mais próximas a confiança, porque elas nos julgam pelo que aparentamos e não conseguem enxergar “além das aparências” Por outro lado também temos muita dificuldade de aceitar as recomendações de Deus, que vêm através de pessoas humildes.