2Cor 1,18-22; Sl 118,129-135; Mt 5,13-16

Nunca deixaremos de nos impressionar com a pedagogia de Jesus. As parábolas, os gestos, os exemplos e as palavras – sempre atuais – têm o poder de penetrar profundamente no nosso coração, sacudindo a nossa zona de conforto e criando condições para a nossa conversão. O Mestre não fez faculdade, não frequentou curso de comunicação, não ajustava o seu jeito de ser e de falar a nenhuma teoria acadêmica. Seu objetivo não era fazer discurso, impressionar os ouvintes, ser admirado. Fiel à missão que recebeu do Pai, queria anunciar o Reino e, demonstrando um profundo respeito pelos que o escutavam, utilizava a linguagem que eles entendiam.

Quem desconhece o sal e a sua capacidade de dar gosto aos alimentos e conserva-los? Realmente, ele faz a diferença... E não é necessário muito; basta a medida certa. Aliás, se a ultrapassarmos, o efeito torna-se contrário, estragamos o sabor e pomos tudo a perder. Em algumas situações, bem o sabem aqueles que cozinham, ainda é possível salvar a refeição por meio de certos truques culinários, mas a receita original já era... O sal deve estar lá, sem aparecer e sem chamar a atenção para si.

Nós, criaturas, nos tornamos “sal” à medida que adquirimos o mesmo sabor de Cristo e vivemos como filhos de Deus e irmãos uns dos outros. Seremos “sal” todas as vezes que impregnarmos os ambientes onde vivemos e atuamos de alegria, esperança, afeto, tolerância, cooperação, paz, fraternidade, solidariedade. No Batismo recebemos a luz de Cristo. Seremos “luz” todas as vezes que contribuirmos para o esclarecimento, a transparência, o discernimento, a ponderação, a mediação, a concórdia, evitando o desrespeito, a violência e a morte. E sempre na medida certa, sem exagero e sem ostentação.

É por meio de nós que o projeto de Deus pode se realizar. Para que isso aconteça, há que se manter a qualidade do sal e não esconder a luz. Contudo, não somos nós que brilhamos; é preciso que Deus brilhe através de nós.