Reflexão do Diácono Mario Braggio

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20/01/2015 - 16:00

Hb 6,10-20  |  Sl 110  |  Mc 2,23-28

Jesus e os seus discípulos caminham junto a uma plantação de trigo. Estes, com fome, arrancam umas espigas para comer. Qual é o problema? O problema é que os discípulos fazem isso num dia de sábado.

A observância do sábado era uma questão fundamental na piedade judaica. Contudo, a tradição rabínica fez dela um verdadeiro suplício.

De acordo com os doutores da Lei, havia 39 ações que se caracterizavam como trabalho e não podiam ser realizadas no sábado. Dentre elas, preparar alimentos para comer. Assim, ao esfregar as espigas para debulha-las, os discípulos de Jesus estavam trabalhando em pleno sábado, portanto, violando a Lei.

Os fariseus aproveitam-se da situação para criticar Jesus. Porém, mais do que chama-lo à atenção, pretendem, na realidade, acusá-lo de transgressor, incriminando-o. O Mestre, citando como exemplo Davi, que desrespeitou um dos preceitos da lei para que seus companheiros, famintos, pudessem se alimentar, afirma, com absoluta autoridade, que “o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (Mc 2,27).

Ao fazê-lo, Jesus deixa claro que as leis são criadas para proteger as pessoas e garantir que os seus direitos sejam respeitados. A lei deve valorizar a vida, favorecê-la, estar ao seu serviço; caso contrário, há que ser abolida, extinta. E Deus, certamente, não será ofendido por causa disso.

Jesus não deixou de fazer o bem e agir em defesa da vida nos dias de sábado. Ele não se alinhou com uma interpretação estreita, limitada e severa da lei. Nesse caso, ele também deixou claro, concretamente, que nenhuma lei pode impedir que pessoas famintas encontrem meios para se alimentar e alimentar aqueles que delas dependem, sobretudo as crianças, os doentes, os idosos, os mais carentes e necessitados…

Devemos nos colocar sempre a serviço da vida e defendê-la. É nela que as nossas ações devem ser pautadas.