Refeição de Páscoa - Cônego Celso Pedro

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10/04/2016 - 00:15

TERCEIRO DOMINGO DA PÁSCOA
At 5,27-32.40-41; Sl 29 (30); Ap 5,11-14; Jo 21,1-19

Jesus nos convida a uma refeição de Páscoa na praia de Genesaré. E nos convida de fato, porque foram sete os convidados e sete é o número simbólico que indica a totalidade dos discípulos em todos os tempos. Lá na praia estava a Igreja inteira. Quem estava lá? Pedro, Tomé e Natanael. Que estranho! Não deveria ser Pedro, Tiago e João? Os três sempre aparecem juntos na lista dos apóstolos e em primeiro lugar. É verdade, mas hoje a lista começa com Pedro, Tomé e Natanael. Em seguida são convidados os filhos de Zebedeu. Os nomes não são mencionados, mas são eles Tiago e João. E por fim, “outros dois discípulos” diz o texto, sem dizer quem são. Esses dois completam o número sete, por isso eles são você e eu, ou somos todos os demais discípulos. Lá estamos todos para comer pão e peixe assado que Jesus mesmo preparou.

Dos sete convidados, só temos os nomes dos três primeiros: Pedro, Tomé e Natanael. Vejam a bondade misericordiosa de Jesus. Pedro negou, Tomé duvidou, Natanael rejeitou. O pecado terminou, eles podem agora encontrar-se com a misericórdia. Podem ver que Jesus de Nazaré é o Cristo, Filho de Deus e podem testemunhar sua ressurreição. Três pecadores mencionados antes de Tiago e João, que nos Evangelhos Sinóticos queriam o primeiro lugar no Reino do Ressuscitado. O passado, porém, ficou para trás. Há aqui uma novidade de vida, a do ressuscitado em torno de quem se reúne toda a sua Igreja, que não olha para si mesma e sim para ele para com ele olhar o mundo que ele salvou com sua morte e sua ressurreição.

Depois da refeição, Jesus inicia um diálogo com Pedro. Jesus lhe pergunta se ele o ama mais do que os outros que lá estão. Pergunta constrangedora porque feita diante dos outros apóstolos. Pedro responde com modéstia: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Aquele que ama mais do que os outros pode ser o Vigário de Cristo na terra.

E assim, o texto nos ensina, como fez o Papa Francisco, que não há santo sem passado nem pecador sem futuro. Os apóstolos estavam diante do futuro. E nos ensina também que na Comunidade de Jesus, chamada Igreja, as funções são atribuídas a quem muito ama.