Parábola das dez virgens - Raul de Amorim

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26/08/2015 - 11:30

Mt. 25,1-13

Sempre tive dificuldade de entender esta parábola. Só se encontra no evangelho de Mateus. Não é fácil saber como eram os costumes da Palestina na época de Jesus e saber detalhes das cerimônias de casamento. Em nossos dias também temos costumes diferentes para celebrar esse acontecimento. Por isso fui buscar alguns elementos para  ajudar a entender melhor o evangelho de hoje.

“Era costume o noivo buscar a noiva na casa dela, antes de ir para a festa de casamento que acontecia na casa dele. As virgens (mulheres jovens) saem da casa da noiva para encontrar e saudar o noivo na rua. Depois as mulheres virgens (com tochas embebidas em óleo/azeite) acompanham a noiva até a casa do noivo. (Ivoni Reimer) “No tempo de Jesus, as festas de casamento eram geralmente realizadas à tardinha e às vezes de noite. A noiva ficava em casa aguardando a chegada do noivo. Era costume que um grupo de amigas estivesse com a noiva durante o tempo de espera do noivo. O noivo, por sua vez, não tinha hora marcada para chegar o que aumentava a expectativa da espera” (Bortolini). Vamos ao texto.

Jesus usa novamente o método pedagógico das parábolas. Elas são uma espécie de comparação ou de uma imagem tirada da vida cotidiana, para esclarecer outra realidade relacionada com o Reino do Céu. Jesus fala a partir daquilo que as pessoas vivenciam. Ele usa as “coisas da vida” para trazer novidades das “coisas de Deus”. Para Jesus, portanto, a vida em sua totalidade é divina. A parábola inicia com um “então”, fazendo ligação com a parábola anterior (a parábola do bom servo e do mau).

Onde está o ensino mais importante da parábola de hoje? Não está nas lâmpadas que as moças levam consigo. Todas levam lâmpadas, mas a questão principal está no óleo/azeite que as mulheres virgens levam ou não consigo nas vasilhas. Como o noivo demorou para chegar, todas as moças que estavam ali junto da noiva, esperando o noivo, acabaram dormindo. O cansaço e a demora fizeram com que todas as dez dormissem.

O texto não faz nenhuma crítica às dez virgens que acabam dormindo devido à demora do noivo. O problema não está no cansaço e no sono, e sim em levar “estoque” de azeite na vasilha. Quem ouve a parábola reflete e entende que quem não está preparado (quem esquece azeite/óleo) corre o risco de encontrar a porta fechada, de perder o tempo oportuno da salvação. A porta estará aberta ou fechada de acordo com nossa preparação. Ter azeite para a lâmpada da vida significa ter compromisso com a justiça do Reino anunciada e vivenciada por Jesus.

Para o evangelista Mateus a demora do noivo é um elemento importante para a sua comunidade que estava ansiosa pela vinda de Jesus. Essa “demora do noivo” da parábola demonstra a demora da parusia. Para Mateus, a parusia é algo imprevisível, não é possível fazer especulações sobre o final dos tempos. O importante é: “VIGIAI, POIS, PORQUE NÃO SABEIS O DIA NEM A HORA”.