“Palavras que não passam...” - Raul de Amorim

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25/11/2016 - 00:15

Lc. 21,29-33

Durante esta semana a liturgia diária nos apresenta o capítulo 21 do evangelho de Lucas. A leitura tem como finalidade responder a pergunta: “Mestre, quando é que vai acontecer isso, e qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?” (Lc. 21,7)  No evangelho de hoje Jesus insiste em dois pontos: a) na atenção aos sinais dos tempos e b) na esperança baseada na firmeza da palavra do Mestre, que expulsa o medo e o desespero.

Lc. 21,29-31: E Jesus lhes contou uma parábola: “Observem a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhar para elas e vocês sabem que o verão está próximo”.

A parábola é uma forma participativa de ensinar e educar. Não dá tudo trocado em miúdo. Não faz saber, mas faz descobrir. Ela leva a pessoa a refletir sobre a sua própria experiência de vida e faz com que esta experiência a leve a descobrir Deus presente na vida. A parábola muda os olhos, faz a pessoa ser contemplativa, observadora da realidade.

Jesus pede pra gente contemplar os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. O aparecimento de brotos na figueira é sinal evidente de que o verão está chegando.

Assim também vocês, quando virem estas coisas acontecendo, saibam que o Reino de Deus está próximo. Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa sozinha não dá conta do recado. É refletindo juntos que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo que acontece um apelo para a gente nunca desanimar, mas manter o horizonte aberto e perceber em tudo que acontece um sinal, uma seta que aponta para o futuro.

Lc. 21,32-33: “Eu lhes garanto: Esta geração não passará ante que tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão”.

Estes versículos fazem memória da profecia de Isaías que dizia: Uma voz me diz: “Grite!” Eu respondi: “O que devo gritar?” E a voz me diz: Toda carne é erva e toda sua beleza é como a flor do campo... Verdadeiramente, o povo é erva. A erva seca. A flor murcha, mas a palavra de nosso Deus se realiza sempre. (Is. 40,7-8)

A observação da figueira e de outras árvores reforça a convicção de que as palavras de Jesus conduzirão a comunidade diante das tribulações e ameaças na construção do Reino de Deus.

Diante desse ensinamento poderíamos dizer que assim como os brotos da figueira e das demais árvores anunciam que o verão está se aproximando algo novo estará acontecendo na história, quando a morte ceder lugar à vida, a corrupção der lugar à honestidade, o ódio e a inimizade vencidos pelo amor e pela misericórdia.