“Palavra que não passa e revela o infinito” - Pe. Reuberson Ferreira

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19/10/2017 - 12:00

QUINTA FEIRA DA 28ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Leituras: Rm 3, 21-30 Sl:130; Evangelho: Lc 11,47-54

Uma caminhada contínua e persistente faz-nos avançar pelas veredas do tempo comum. Adentramos na vigésima oitava semana desse tempo, restam-nos apenas cinco para o fim do ano litúrgico. Por esse motivo o apelo deste tempo é ainda mais veemente: busquemos santificar-nos e santificar o mundo pelo testemunho, pela coerência e pelo anúncio de uma palavra que salva a todos.

Nesse espírito, a liturgia desta quinta feira da vigésima oitava semana do tempo comum convida-nos anunciar que Deus quer salvar a todos. Desafia-nos a uma prática religiosa que seja promotora de uma espiritualidade fortemente marcada pela palavra. Exorta-nos a uma acolhida de Cristo e seu projeto de salvação para a humanidade.

A primeira leitura desta liturgia é extraída da carta de Paulo aos Romanos. O apóstolo dos gentios argumenta com seus interlocutores que a salvação é destinada a todos, pois o Senhor é Deus de todas as nações(v.28). Essa salvação dá-se pela fé em Jesus. Ela, contudo, não prescinde da lei e dos que vivem conforme a Lei. Antes, como afirma o próprio Paulo, a fé plenifica a lei(v.30), leva-a a sua finalidade que é gerar a graça da salvação e o amor de Deus a toda humanidade. Paulo, portanto, ensina-nos que a finalidade da Lei ( entenda-se a Palavra de Deus) é levar a todos os homens, pela fé em Jesus, o amor e a misericórdia de Deus que quer salvar indistintamente a todos.

Na mesma linha aparecem o salmo e o evangelho. O salmista, numa harmoniosa melodia, atesta que no Senhor se encontra toda salvação e a infinita redenção. O evangelho, por seu turno, apresenta-nos Jesus, os escribas e os fariseus num debate sobre as práticas religiosas que, em última análise, fundamentam-se na Lei (Palavra de Deus, Torah) hebraica. Esta passagem é o encerramento de uma discussão entre o Messias e os fariseus. Dirigindo-se aos escribas que eram zeladores da lei, Jesus os acusa de usar a Lei(Palavra de Deus) para oprimir(v.47.52) e maltratar(v.49-50) o povo. Não a usando para conduzi-los à salvação e misericórdia do Senhor que seria sua finalidade, como descreveu Paulo na primeira leitura.

Nesse sentido, o conjunto desta liturgia diz-nos que Deus, como nos ufanamos em afirmar, quer salvar a todos. Sua palavra, sua lei não é para aprisionar, constranger ou tolhi a humanidade. Antes, para revelar sua grande compaixão pelo mundo. Apresentar que o amor infinito de Deus quer, pela fé e pela prática dessa fé,  salvar o mundo, transformar a humanidade  e edificar o Reino.

                                                                                                                                                                                               Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestrando em Teologia na PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.