Os trabalhadores são poucos - Cônego Celso Pedro

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18/06/2017 - 19:15

DÉCIMO PRIMEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

18 de junho de 2017

 

            Atravessando o deserto rumo à Terra Prometida, o povo de Deus chega ao Sinai. Moisés sobe a montanha para se encontrar com Deus. Lá no alto, Deus o chama e lhe diz o que deverá falar ao povo. Os hebreus viram como Deus os tirou da escravidão no Egito. Agora, se ouvirem a voz de Deus e guardarem a sua aliança, eles serão o povo escolhido, um reino de sacerdotes e uma nação santa. Ouvir a palavra de Deus e manter-se profundamente unido a Ele numa vida de santidade fará do povo de Israel o mediador entre Deus e todos os povos. Serão um reino de sacerdotes e uma nação santa.

            Anos depois, Jesus vê o mesmo povo de Deus e tem pena de tantas pessoas cansadas e abatidas, como se estivessem abandonadas. Pessoas sem rumo, desgovernadas - por falta de governo - ou, como dizia Jesus, por falta de pastores. Voltando-se aos seus discípulos, Jesus comenta que havia pouca gente cuidando do povo. Era preciso pedir a Deus que enviasse gente disposta a trabalhar em favor das pessoas. Ele chama então os Doze e lhes dá o poder de expulsar os espíritos maus, que vagam entre nós, e curar as doenças, já que ninguém o faz. Ele os enviou primeiro “às ovelhas perdidas da Casa de Israel” com a missão de anunciar que “o Reino dos Céus está próximo” e com a recomendação de trabalhar de graça.

            Paulo, por sua vez, afirma que Jesus morreu por nós quando ainda éramos pecadores, ímpios e inimigos de Deus. Ele fez a grande reconciliação e a faz ainda mais agora que já estamos justificados pelo seu sangue.

            Nós acreditamos na possibilidade de um mundo melhor, de uma Terra Sem Males, de um povo reconciliado. É bom sonhar alto, ter grandes metas para chegar, ao menos, até a metade do caminho. É bom passear nos sonhos quando as palavras já não são suficientes, mas com a firme esperança de acordar ressuscitados.

            Os pastores do povo não são apenas os clérigos, bispos, padres e diáconos. Todos somos de algum modo pastores e nos interessamos pela vida integral das pessoas. Os Apóstolos foram chamados para serem “pescadores de gente”. Somos todos fermento no meio da massa, sacramento de salvação para a humanidade. Somos todos trabalhadores da messe. Não cuidamos apenas do que é espiritual na multidão cansada e abatida. Cuidamos do que Paulo chama de “ser inteiro, espírito, alma e corpo”, para que todos “sejam guardados de modo irrepreensível para o dia da vinda de Jesus Cristo (1Ts 5,23). Sendo consciência crítica do meio em que vivemos, impulsionamos os que têm responsabilidade pública a trabalharem e, preferentemente, de graça.