Onde estão meus valores? - Raul de Amorim

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17/06/2016 - 00:15

Mt.6,19-23

O evangelho de hoje nos traz duas recomendações sobre o relacionamento com os bens materiais: não acumular e ter a visão correta dos bens materiais. Vamos meditar.

Mt.6,19,21: Não ajuntem para vocês riquezas na terra, onde traça e ferrugem corroem, e onde ladrões arrombam e roubam... É muito comum as pessoas comentarem: “Se eu ganhasse na loteria, resolveria todos os meus problemas e até ajudava os outros...” No fundo está o desejo do ter, do ganhar, do acumular, porque temos medo de que alguma coisa nos falte.

Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex.16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para um único dia e de não acumular para o dia seguinte. Apesar da orientação de Moisés alguns não deram ouvidos e recolhiam o maná não só para o dia, mas também para o dia seguinte. Porém o que foi acumulado apodreceu, criaram vermes e mal cheiro (Ex,16-20).

Jesus quer nos dizer que o tesouro de cada um está onde está o nosso coração e que a pessoa se desenvolve ou não de acordo com o propósito do seu desejo mais profundo. Por isso, o ser humano não pode dividir em diversos “tesouros”. Não se pode servir a dois senhores. Se colocar como prioridade o acúmulo de bens materiais, sempre corro o risco de perder.

Para refletir mais a respeito do exagero na acumulação, proponho a seguinte reflexão: “A acumulação de riquezas e a ostentação estão deturpando os valores das coisas e das pessoas. Em um mundo no qual o dinheiro é mais valorizado que os sentimentos, a aparência também acaba sendo mais importante que a essência.” (livro: “Heróis de verdade ” - Roberto Shinyashiki)

Jesus continua: “Ajuntem sim para vocês riquezas no céu... ” Se a gente colocar o fundamento em Deus, na sua justiça, ninguém vai poder destruí-lo e teremos a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuímos. Para que isto seja possível é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha.

Mt.6,22-23: “A lâmpada do corpo é o olho...” Um olho bom é aquele que reflete a vontade de Deus acolhida no coração, para que o caminho seja iluminado. A pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar em si mesma e sobre os seus bens e confiar só neles. É a doença da mesquinhez! Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e escuridão. Se o nosso olhar corresponder ao olhar de Jesus a vida se torna mais luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade. Nestes dias em que muitos irmãos e irmãs sofrem com o frio é importante ter olhar de solidariedade ajudando na coleta de agasalhos e cobertores.