O que haveremos de receber? - Diácono Mario Braggio

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16/08/2016 - 00:15

Mt  19,23-30

Jesus não condena a riqueza, mas afirma: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus” (Mt 19,23). De fato, aquele se dedica ao acúmulo de bens, sejam eles materiais ou não; que sente segurança e prazer em ter coisas e encontra em tais práticas o sentido para a sua vida, está distante do projeto de Deus. Dá para imaginar alguém com esse perfil unindo-se aos pobres para lutar pela justiça que traz vida, liberdade e dignidade para todos? Será que alguém com esse perfil seria capaz de renunciar à riqueza e escolher ser pobre com os pobres? Difícil, não é? Jesus tem razão...

“Entrar no Reino” é converter-se, seguir a Jesus e participar da construção da nova comunidade humana, formada por aqueles que buscam a justiça, a paz, a solidariedade e a fraternidade. Para tanto, há que se ter um coração humilde e livre para poder acolhê-lo.

Pedro pergunta a Jesus: “Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. O que haveremos de receber?” (Mt 19,27). Primeiramente, a alegria por se entregar à causa da justiça; a satisfação por se colocar a serviço. A experiência da vida verdadeiramente fraterna e a vivência da partilha levam ao descobrimento e à antecipação da verdadeira vida, da “vida em abundância” à qual Jesus se refere (Jo 10,10): a participação, por meio dele, na vida divina.

Quem deseja seguir a Jesus apenas por interesses, necessidades particulares e conveniências (saúde, acúmulo de bens, projeção social, carreira eclesial, etc.) não entendeu a proposta do Reino. Quem segue a Jesus o faz por amor. Amá-lo, pois, implica também amar a todos aos quais ele ama, sobretudo, os que menos ou nada têm; os injustiçados, os pequenos, os fracos, os pobres (cf. Puebla 192).

Quanto mais partilhamos com os irmãos o que temos e o que somos, e quanto mais fazemos tudo o que está ao nosso alcance para que todos tenham os seus direitos reconhecidos, mais nos sentimos felizes por fazer parte da comunidade dos seguidores de Jesus Cristo. Isto não é um “prêmio”?