O justo viverá por sua fé - Cônego Celso Pedro da Silva

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02/10/2016 - 00:15

Lc 17,5-10

Na profecia de Habacuc lemos que “O justo viverá por sua fé” e no evangelho de Lucas os apóstolos pedem ao Senhor que lhes aumente a fé. A resposta de Jesus mostra a importância da fé e incentiva os apóstolos a procurá-la. “Se vocês tivessem um mínimo de fé fariam com que uma amoreira se deslocasse e se plantasse no mar”. A fé transporta montanhas, ou transporta árvores, como aqui se diz, e se transporta montanhas com árvores é porque tem força. Sua força, porém, vai muito além da força física. Ela possibilita a sobrevivência do justo. No início da sua profecia, Habacuc vê o império da violência na iniquidade, na maldade, nas destruições, na prepotência, na discussão, na discórdia. Ele vê a violência na iniquidade e na opressão. Diante dele estão violência e destruição. Há disputas e levantam-se contendas. “Até quando, grita o profeta, até quando gritarei por socorro e não ouvirás. Gritarei a ti ‘violência’ e não ouvirás?” Até quando tudo isto vai durar, como é possível sobreviver neste ambiente? - O grito profético se refere mais às lutas internas de Israel do que à opressão vinda de fora. - A resposta é que tudo tem um prazo e um desfecho, e o justo, enquanto espera, sobrevive por sua fé. Aquele que não tem o coração reto e não vive corretamente vai perecer. O justo ao contrário viverá por sua fidelidade. Se o nosso mundo é parecido com o de Habacuc, parecida com a do justo deverá ser também a nossa fé. Como o justo, nós nos revestimos de fé e fidelidade.

Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade. Cumpramos então a nossa tarefa como o servo que faz o que deve fazer e se considera “inútil”, não por não ter feito nada e sim por ter feito tudo sem esperar elogios nem recompensas. Fortificados pelo poder de Deus, damos testemunho de Jesus, sofremos pelo Evangelho e guardamos intata a fé que recebemos. Ela é um depósito precioso, que guardamos com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós.

Não fechemos o coração, ouçamos a voz do Senhor e com a força da fé sejamos a consciência crítica do meio em que vivemos, seja ele qual for.

No Evangelho de hoje lemos duas passagens distintas entre si, uma sobre a fé e outra sobre o cumprimento do dever. O profeta Habacuc destaca o primeiro tema, da fé para os gregos, da fidelidade para os judeus. De fato, perecem os incorretos e sobrevivem os que, por terem fé, mantêm a sua fidelidade no meio da confusão generalizada. “Até quando?” nós perguntamos e, enquanto a resposta não vem, reavivamos a chama do dom que recebemos e fazemos o que temos que fazer.