O GRUPO DE JESUS SE AMPLIA > Raul Amorim

A A
24/08/2018 - 08:30

 Jo.1,43-51

O evangelho de João tem um jeito diferente de descrever o início da primeira comunidade que se formou ao redor de Jesus. João ensina como se deve fazer para iniciar uma comunidade. É através de contatos e convites pessoais. Essa tática continua.

Lc.1,43-44: No dia seguinte, Jesus quis ir para a Galileia, e encontrou Filipe. E lhe disse: "Siga-me". Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro.

Betsaida que em hebraico significa (casa da pesca) era uma vila de pescadores a nordeste do Mar da Galileia. O objetivo do chamado é sempre o mesmo: “seguir Jesus”.

É interessante notar que os primeiros cristãos fizeram questão de conservar os nomes dos primeiros discípulos. De alguns até os apelidos e o nome do lugar de origem. Quem foram as pessoas que estão na origem de nossas comunidades?

Lc.1,45: Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele que Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: É Jesus, o filho de José. Ele vem de Nazaré”.

O esquema do chamamento se repete: um atrai o outro. Uma testemunha que aponta Jesus para outra pessoa. Mais um título para Jesus:  “filho de José, de Nazaré!  Quando uma pessoa é muito querida, ele recebe um monte de títulos.

Assim também Jesus no Evangelho de João: Cordeiro de Deus (Jo.1,36); Rabi (Jo.1,38); Messias ou Cristo (Jo.1,41); “aquele que quem escreveram Moisés e os profetas escreveu (Jo.1,45); Jesus de Nazaré o filho de José (Jo.1,45); Filho de Deus (Jo.1,1,49); Rei de Israel (Jo.1,49), Filho do Homem (Jo.1,51)

Nestes e em tantos outros nomes ou títulos, as comunidades transmitiam o que Jesus significava para elas. Todos esses nomes traduzem o esforço dos primeiros cristãos em querer conhecer Jesus para melhor amá-lo. Mostram também a diversidade da busca.

Lc.46-47: Natanael lhe disse: “De Nazaré pode vir algo de bom”? Filipe respondeu:   “Venha, e então você verá”. Jesus viu Natanael aproximando-se e disse a respeito dele: “Eis aí um israelita verdadeiro, em quem não existe falsidade”.

Possivelmente, na pergunta dele transparece a rivalidade e preconceito que costuma existir entre as pequenas aldeias da mesma região: Caná e Nazaré.

Natanael parece manifestar preconceito por causa das origens de Jesus. Ele não podia aceitar que de Nazaré, cidade sem muita importância pudesse surgir algo de bom, muito menos o Messias. Além disso era de família sem prestígio, uma pessoa sem prestígio.

A atitude de Jesus com as suas palavras deixou Natanael desarmado. Jesus considerava-o um israelita íntegro, sem fingimento, uma pessoa em que se podia confiar...Hoje também o preconceito está muito presente em nossas Igrejas. Diante desse questionamento só resta uma coisa: “Venha e veja você mesmo”.

Não é impondo, mas sim fazendo a experiência que as pessoas se convencem. Novamente o mesmo processo: encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar....

Jo.1,48-49: Natanael disse: “De onde me conheces”? Jesus respondeu-lhe dizendo: “Antes que Filipe chamasse você, eu o vi quando estava debaixo da figueira”. Natanael lhe respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, Tu és o rei de Israel”.

Natanael “estava debaixo da figueira”. A figueira era o símbolo de Israel. O profeta Miquéias diz: “Cada um poderá sentar-se debaixo de sua vinha e de sua figueira, sem ser perturbado, pois assim disse a boca de Javé... (Mq. 4,4) Israelita autêntico é aquele que sabe desfazer-se das suas próprias ideias quando percebe que elas estão em desacordo com o projeto de Deus.

O encontro com Jesus ajudou Natanael a perceber que o projeto de Deus nem sempre é do jeito que a gente o imagina ou deseja. Ele reconhece o seu engano, muda de opinião, aceita Jesus como Messias e confessa: “Mestre, tu és o filho de Deus, Tu és o rei de Israel!

Natanael reconhece Jesus com Filho de Deus, cuja origem superava as possibilidades humanas, fazendo dele mais do que um simples filho de José da Galiléia.

Jo.1,50-51: Jesus respondeu-lhe dizendo: “Você está acreditando, só porque eu disse que o vi debaixo da figueira? Você verá coisas maiores que essas”. E Jesus disse: “Eu lhes garanto: vocês verão o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.

A confissão de Natanael é apenas o começo. Quem for fiel, verá o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Experimentará que Jesus é a nova e eterna ligação entre Deus e nós seres humanos.

Natanael representa a nossa humanidade desconfiada e preconceituosa que tem dificuldade de acreditar nos sinais que Deus nos apresenta no dia a dia.

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos) > Raul de Amorim Pires> raul4ap@gmail.com