“ NOVAS E MAIS PROFUNDAS ÁGUAS” - Pe. Reuberson Ferreira

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07/09/2017 - 08:00

QUINTA FEIRA DA 22ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Leituras: Cl 1, 9-14; Sl:97; Evangelho: Lc 5, 1-7

Com passos pequenos e por vezes frágeis, seguimos caminhando pelas sendas do tempo litúrgico que ora vivemos e, a Igreja nomeia, tempo comum. A mística e a espiritualidade que permeiam este tempo desafiam-nos a conservar a suave e reconfortante alegria de edificar o Reino quisto por Deus. Exorta-nos a semear, mesmo que envolto em lágrimas. Desafia-nos a cultivar a esperança de ganhar homens e mulheres de boa vontade para o Senhor.

Nesse espírito, a liturgia desta quinta feira da vigésima segunda semana do tempo comum exorta-nos a produzir frutos. Reforçam a inestimável característica do cristão de estar sempre pronto a singrar novos mares, a descobrir novos areópagos onde a boa nova do reino deve ser anunciada. Trata-se de uma empresa irrenunciável àqueles que se colocam no seguimento de Jesus.

A primeira leitura é um trecho da carta de Paulo a comunidade cristã na cidade de Colossas, atual Hona, Turquia. O Apóstolo dos gentios nesse texto faz um exaltado louvor aos seguidores de Jesus nessa igreja particular. Ele garante orações aos seus irmãos (v.9); Exorta-os a buscarem conhecer, com discernimento e sabedoria, a vontade de Deus (v.9b). Tudo isso para que produzam frutos de boa obra (v.10) e cresçam no amor de Deus que os acolheu e redimiu(v.14). Ensina-nos essa leitura que os seguidores do Senhor devem buscar, antes de qualquer coisa, crescer no conhecimento e na fidelidade daquele que os remiu.

Contiguo a esse texto, despontam o salmo e o evangelho. O salmista, em métrica singular, apresenta-nos o Senhor – a quem devemos buscar amar e conhecer – com aquele que se revela à humanidade por atos de Justiça e de bondade. O evangelho, por seu turno, extraído do texto de Lucas, dá sequência a missão de Jesus. Ele, após curar doentes, expulsar demônio e anunciar o evangelho à uma multidão embevecida e sedenta de Deus, desafia os discípulos a avançarem para águas mais profundas, Duc in altum(v.4). Após uma vacilante reação, Pedro ascende à palavra do Senhor, avança e realiza uma pesca fabulosa(v.6). Diante de tão imenso mistério, Pedro reconhece sua fragilidade face a palavra impetuosa do Senhor. Cristo, por sua vez, reconhece nele a matéria prima para construir a nova humanidade forjada pelo evangelho e transforma-o em pescador de homens(v.10). Depreende-se dessa leitura o convite a todos os discípulos do Senhor a fiarem-se na Palavra de Deus, a avançarem e a descobrir, neste nosso tempo, o novo jeito de anunciar ao mundo a sempre perene e misteriosa mensagem do Senhor.

A liturgia de hoje, em síntese, convida os discípulos de Jesus a avançarem para novos mares e neles discernir e conhecer a vontade do Senhor. Em outras palavras, desafiam-nos a apresentar de uma maneira atraente, inovadora desprovida de preconceitos a mensagem sempre de Deus. Desse modo, como seguidores do Senhor, neste tempo de mar bravio e agitado, somos convidados avançar para águas mais profundas e garantir força à Democracia e os direitos dos mais frágeis que sorrateiramente estão sendo vilipendiados, como exorta o Grito dos Excluídos que neste dia da pátria celebramos.

Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestrando em Teologia na PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.