MUDANÇA DE MENTALIDADE - Raul Amorim

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25/05/2018 - 08:00

Mc. 10,1-12

Antes da entrada em Jerusalém, Marcos propõe quatro instruções básicas destinadas às comunidades cristãs. As questões tratadas são: o matrimônio, as crianças, a cobiça e a ambição. Nos quatro casos Jesus se coloca ao lado dos mais fracos.

Mc.10, 1: Partindo daí, Jesus foi para o território da Judéia e para o outro lado do Jordão. E de novo as multidões se reuniram em torno de dele, e ele as ensinava, como de costume.

Jesus cativava o interesse das pessoas. Ele contava histórias para se fazer entendido, falava com linguagem simples, não usava jargões técnicos ou teológicos. Suas mensagens eram recheadas de pássaros, flores, moedas perdidas e de outras coisas do dia a dia que todas as pessoas conheciam. As pessoas seguiam Jesus porque sentiam prazer em ouvi-lo.

Sobre isso, vale a pena lembrar das palavras de Albert Einstein: “Você realmente não consegue entender alguma coisa, a não ser que você a comunique de uma forma simples. Você pode ser brilhante, mas se não conseguir compartilhar os seus pensamentos de uma maneira simples, eles não terão muito valor”.

Mc.10,2: Alguns fariseus se aproximaram de Jesus e perguntaram, para pô-lo à prova: É permitido ao marido divorciar-se de sua mulher”?

Divorciar-se, na época de Jesus, significava que o homem podia despedir sua mulher por motivos banais. Isso era reflexo da superioridade do homem e seu domínio sobre a mulher. Então, em casa acontecia a opressão que se verificava em todos os níveis da sociedade judaica.

Os fariseus se aproximaram de Jesus com más intenções e o questionam. A pergunta é maliciosa. Sinal de que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interroga-lo sobre o assunto.

 Mc. 10,3-6: Ele respondeu: “O que Moisés lhes ordenou? ” Responderam: “Moisés permitiu escrever a carta de divórcio e mandá-la embora”. Jesus lhes disse: “Ele escreveu esse mandamento por causa da dureza do coração de vocês. Mas, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher”.

A Lei de Moisés (Dt.24,1-3) tentava proteger os direitos da mulher, mesmo concedendo vantagem ao homem. A teoria fisiológica da época favorecia a parcialidade em favor do homem: desconhecia a função do óvulo e imaginava o sêmen como portador do novo ser.

O Reino anunciado por Jesus visa restabelecer entre os seres humanos as relações queridas por Deus. No âmbito familiar, era preciso superar a mentalidade divorcista, onde o marido se sobrepunha à esposa, podendo despedi-la quando lhe conviesse.

Jesus foi buscar nas primeiras páginas das Escrituras o pensamento de Deus a respeito domatrimônio, que busca a igualdade dos cônjuges, a entrega total e duradora que unifica. Esse ensinamento é anterior à Lei mosaica divorcista. O homem e a mulher foram criados em vista do matrimônio que os uniria de modo tão profundo, a ponto de fazer dos dois uma só carne.

Mc. 10,10-12: Em casa, os discípulos fizeram de novo perguntas sobre isso. Jesus lhes disse: “Quem se divorcia de sua esposa e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se ela se divorcia do seu marido e se casa com outro, comete adultério”.

Em casa, os discípulos os discípulos fazem perguntas sobre o assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres ente o homem e a mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento. Não permite o casamento em que o homem pode mandar a mulher embora, nem vice-versa. Quem quer seguir o projeto de Jesus é chamado sempre a refazer seus esquemas mentais. Não pode se deixar levar pela dureza de coração, mas sim pela misericórdia. Que nunca falte de nossa parte enquanto Igreja, o acolhimento a tantos recasados

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos) Raul de Amorim Pires raul4ap@gmail.com.br