“Minha alma proclama a grandeza do Senhor” - Diácono Mario Braggio

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22/12/2015 - 00:15

Lc 1,46-56

Depois que o anjo a deixou e se foi, Maria dirigiu-se à casa da sua parenta Isabel – que se encontrava grávida de João, já idosa – para cuidar dela e auxiliá-la. Isabel morava na Judeia, a mais ou menos cinquenta quilômetros de distância de Nazaré. Ao chegar, assim que abraçou a prima, o feto do precursor encontrou-se com a semente do Messias, movimentando-se de maneira incomum no ventre de Isabel e esta, cheia de Espírito Santo, saudou Maria com extraordinária alegria bendizendo-a, assim como ao fruto do seu ventre.

O encontro das duas mulheres grávidas, cujos filhos terão missões a cumprir em vista da salvação, representa o encontro da Antiga com a Nova Aliança. “Agora, pois, não é mais uma arca de madeira que carrega a presença e a aliança de Deus, mas o corpo vivo e santo na Virgem nazarena” (Clodovis Boff).

Maria também transborda da graça de Deus. O evangelista Lucas relata a sua “resposta” à bênção de Isabel por meio de um canto de louvor a Deus – o Magnificat – carregado alegria, humildade, consciência histórica e esperança. Profecias do Antigo Testamento são reavivadas na boca de Maria.

A adolescente da Galileia “cheia de graça”, que há pouco havia recebido a visita de Deus, que assumira o encargo de ser a mãe do Salvador, que acabara de ser saudada como “bendita entre as mulheres”, abre mão de tudo, nada querendo para si, e “devolve” tudo para Deus, louvando-o e agradecendo-o.

O Magnificat não é absolutamente um canto de louvor superficial, fundado na emoção, alienado. Dirigindo-se aos pobres, Maria empresta a voz aos oprimidos, aos humildes e aos destituídos. Para que o mundo se transforme, há que se mudar as estruturas que dominam, escravizam e desumanizam. Os poderosos devem cair para que os humildes, os pobres e os marginalizados sejam exaltados. Não se trata, é claro, de uma troca de comando, mas de uma nova ordem baseada na justiça, na paz, na fraternidade e na solidariedade, à luz do Reino de Deus.