Meu Senhor e meu Deus! - Cônego Celso Pedro da Silva

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23/04/2017 - 00:15

Jo 20,19-31

No dia da ressurreição do Senhor, o discípulo viu e acreditou. Viu o túmulo vazio e acreditou que Jesus estava vivo. Ao anoitecer daquele mesmo dia, os discípulos reunidos viram Jesus ressuscitado. Tomé, o apóstolo, não estava com eles. Quando soube que tinham visto Jesus, não acreditou. Só acreditaria se tocasse em suas chagas. O discípulo acreditou sem ter visto. O apóstolo precisa se converter em discípulo para também acreditar. Por isso, felizes somos nós que não vimos e acreditamos.

Jesus aceitou o desafio de Tomé. Oito dias depois da ressurreição, na sua imensa misericórdia, permitiu que Tomé tocasse em suas chagas. Este domingo é verdadeiramente o Domingo da Misericórdia, para com Tomé e para conosco. Para com Tomé, que pôde tocar em Jesus e fazer sua profissão de fé. Para conosco, porque podemos crer com tranquilidade que a ressurreição é um fato e não foi inventada pelos apóstolos. Aí está Tomé, um apóstolo, que não acreditou, e com ele também outros num primeiro momento. Quando Jesus lhe disse: “Não sejas incrédulo, mas fiel”, Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus”. Tomé viu com os olhos, com as mãos e com os ouvidos. Sentiu a presença de Jesus com os sentidos externos e com a inteligência e o coração. Sua profissão de fé reconhece que Jesus é Deus e Senhor.

Assim como para Tomé, Deus, em sua grande misericórdia, oferece a todos nós nascer de novo para uma esperança viva e uma herança incorruptível. Vivemos ainda no meio de muitas provações, mas com muita alegria pela fé que vê o invisível, vê os últimos tempos, vê a glória da manifestação de Jesus Cristo. Sem tê-lo visto, nós o amamos e nele acreditamos. Isto é para nós, diz o Apóstolo Pedro, “fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obteremos aquilo em que acreditamos: a nossa salvação”.

Contam os Atos dos Apóstolos que, no início da Igreja, o número dos cristãos ia crescendo cada dia graças à pregação apostólica e ao exemplo de vida das primeiras comunidades. Muitos se convertiam e ouviam o ensinamento dos apóstolos, celebravam a Eucaristia, rezavam juntos e viviam em comunhão fraterna. Eles se ajudavam com os seus bens conforme a necessidade de cada um. Partiam o pão pelas casas e tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração. Eram estimados por todo o povo.

Se este é o Senhor Jesus, se esta é a nossa fé, se assim é a nossa Igreja, como não transmitir toda essa alegria de vida ressuscitada a todas as pessoas deste mundo? Está errado converter para o bem quem vive no mal? Que todos possam dizer: “Meu Senhor e meu Deus!”.