Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino - Cônego Celso Pedro da Silva

A A
20/11/2016 - 00:15

Lc 23,35-43

Hoje celebramos a festa de Cristo Rei e entramos na última semana do ano litúrgico. No segundo livro de Samuel, Davi é ungido rei de Israel. Seu trono e a sede da justiça estão em Jerusalém, diz o salmista. No Evangelho de Lucas, os soldados romanos zombam de Jesus crucificado e o desafiam a salvar a si mesmo, se ele é o rei dos judeus, como estava escrito num letreiro no alto da cruz: “Este é o rei dos judeus”. E o “bom” ladrão pede a Jesus que se lembre dele quando entrar em seu reino. A carta aos colossenses, por sua vez, convida-nos à ação de graças porque o Pai nos recebeu no reino de seu Filho.

Jesus não é rei como são os reis da terra, sem que isto queira dizer que os reis da terra não são bons ou são maus por natureza. O reino de Jesus não é deste mundo, e se o trono de Davi e a sede da justiça estavam em Jerusalém, o trono de Jesus é a sua cruz e sua Jerusalém é a do alto.

Davi se torna rei de Israel quando todas as tribos vão procurá-lo em Hebron e todos os anciãos fazem com ele aliança e o ungem. “Todas” as tribos e “todos” os anciãos são expressões de ênfase indicando a plena aceitação de Davi como rei. Jesus ao contrário sofre a rejeição dos chefes judeus que o desafiam a mostrar que é o Cristo, o ungido de Deus. Os soldados também o rejeitam e desafiam a mostrar que é o rei dos judeus. Um dos malfeitores com ele crucificado, como os chefes judeus, também o desafia a mostrar que é o Cristo, enquanto o outro pede a Jesus que se lembre dele quando for para o seu reino. - Não é preciso complicar a tradução do texto grego que diz simplesmente “quando fores para o teu reino”. - A resposta de Jesus confirma o sentido do pedido: “Em verdade, eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso”. Aqui, paraíso e reino se identificam. No dia de Pentecostes, Pedro dirá em sua pregação: “Seja permitido dizer-vos com toda a franqueza a respeito do patriarca Davi: ele morreu e foi sepultado e seu túmulo encontra-se entre nós”, enquanto de Jesus ele dirá que não foi abandonado no Hades, nem sua carne viu a corrupção, porque Deus o ressuscitou. O rei que perdura é Cristo crucificado e ressuscitado!

Com os colossenses damos graças a Deus que nos libertou das trevas e nos recebeu no reino do seu Filho. Deus habita nele com toda a sua plenitude e por ele reconcilia consigo todos os seres, realizando a paz pelo sangue da sua cruz. Custou o sangue da cruz o seu reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz. Reino eterno e universal.