Jesus condena o mal, não o malfeitor - Diácono Mario Braggio

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12/07/2016 - 00:15

Mt 11,20-24

Jesus censura as cidades, realizou a maior parte de seus milagres por meio de uma linguagem dura. Nem parece ele, sempre tão receptivo, compreensivo e misericordioso. Qual é o motivo? O Mestre não aceitava a má vontade, a indiferença, o desinteresse e a apatia daqueles que ignoravam a sua palavra e a sua ação; daqueles que se mostravam incapazes, inábeis ou incompetentes diante da proposta do Reino.

Ele se referiu aos habitantes que viviam em Corozaim, Betsaida e Cafarnaum, mas poderia dizer o mesmo aos que vivem hoje em qualquer megalópole ou em qualquer povoado escondido deste mundo, que se comportam do mesmo jeito. Sua ameaça serve para mim e para você.

A forma de Jesus se expressar pertence ao estilo profético. Ele recorre a ela com o objetivo de comunicar claramente o que tinha a dizer. Não se trata de um “outro” Jesus e, tampouco, de “um outro lado” de Jesus. Não! É ele mesmo, por inteiro. O Senhor, terno e acolhedor, também é capaz de recorrer a uma outra linguagem para ser entendido.

Ora, Jesus passou um bom tempo da sua vida pública naquela região fazendo o bem, revelando o amor de Deus, curando, incluindo, ouvindo, acolhendo, resgatando a dignidade de inúmeras pessoas até então oprimidas, sofredoras e marginalizadas. Certamente ninguém voltava para casa sem ter recebido gratuitamente o fruto de seus inúmeros dons.

Por que, então, havia muitos que não reconheciam na sua palavra e na sua ação a presença do Reino? Por que, deliberadamente, não se deixavam tocar e se recusavam a amar e a serem amados? Pior ainda: por que, justamente dentre eles, brotavam alguns dos quais lhe preparavam armadilhas para poder acusá-lo?

Como se vê, a indignação de Jesus era justa. Apesar das palavras duras, que evocam castigo, morte e condenação, o que ele queria mesmo era sensibilizar os que se mantinham fechados à sua proposta e movê-los a mudar de atitude.