DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO
(QUINTA FEIRA DA 31ª SEMANA DO TEMPO COMUM)
Leituras: Ez 47, 1-2.8-9.12 Sl:45; Evangelho: Jo 2,13-22
No ciclo do tempo comum, em meio a uma espiritualidade que nos desafia a santificar as coisas amenas da vida, celebramos com grande júbilo a dedicação da Basílica de São João de Latrão, a mãe das Igrejas da urbi et orbi ( da Cidade e do mundo). Um imponente templo, construído no início da Idade Média, que nos indica e faz memória da comunhão universal da Igreja.
Nesse espírito, a liturgia desta quinta feira trigésima primeira semana do tempo comum convida-nos a refletir sobre o simbolismo que secunda a festa da dedicação da basílica lateranense. Exorta-nos a pensar a Igreja como lugar de promoção da vida, oásis de esperança e de fé.
A primeira leitura desta liturgia é extraída do livro de Ezequiel. Nesse texto o profeta, acompanhado por seu guia, faz uma descrição de uma torrente de água que brota do templo (v.1) em direção ao Mar e que fecunda tudo por onde passa (v.9) Ezequiel sintetiza nessa imagem a ideia de um culto renovado praticado no santuário e que fecunda a humanidade(v.12). O templo, nesse espírito, é o lugar de onde brota a vida nova para o mundo. A Igreja deve, portanto, ser entre os homens um nicho de valores que transformam o mundo, fecundam os povos e promovem a vida.
Ainda refletindo sobre o templo, desponta a narrativa do evangelho. No texto de João, escolhido para a Festa da dedicação da Basílica do Latrão, Jesus está no início do seu ministério e vai a Jerusalém (v.13). No templo, Cristo expulsa os vendilhões (v.16). Trata-se de uma purificação do santuário de tudo aquilo que não condiz com a finalidade da casa do Senhor (v.16). Ao mesmo tempo, o Messias apresenta na imagem do seu corpo futuramente ressuscitado o modelo de uma Igreja renovada, límpida, transformada e unida. Depreende-se para nós dessa a leitura que o templo quisto pelo Senhor é um lugar de renovação, de transformação e de um corpo pautado pela unidade(cf. 1Cor 12, 12ss).
Em síntese, a dedicação da basílica do Latrão e sua liturgia desafia-nos a misteriosa experiência de pensar e viver a Igreja como um oásis de esperança. Um lugar onde homens e mulheres, pela fé em Cristo, são capazes de defender e semear valores de vida digna para a humanidade. Um espaço onde, na pluralidade e na fraqueza de seus membros, é fecunda a unidade na prática da caridade e na vivência do Evangelho.
Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestrando em Teologia na PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.