Fazer o bem sem olhar a quem - Cônego Celso Pedro

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10/07/2016 - 00:15

DÉCIMO QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM
Dt 30,10-14; Sl 69; Cl 1,15-20; Lc 10,25-37

A caridade se pratica sem teorias e sem interpretações. É o que Jesus nos ensina ao contar a história do bom samaritano. Rótulos e discussão de palavras não ajudam o homem ferido, caído à beira da estrada. “Ele é samaritano, eu sou judeu!” O ser humano se inclina em direção ao outro ser humano, sem rótulos, para socorrê-lo em sua necessidade. Ele faz o bem sem olhar a quem. O samaritano não só cuidou dos ferimentos do pobre homem, como o colocou em sua montaria, levou-o a uma pousada, pagou os gastos, pediu que cuidassem dele e prometeu voltar depois de cumprir suas tarefas. Fez o difícil e o impossível, porque difícil é o que se faz hoje e impossível o que se faz amanhã.

Deus nos dá a sua graça e a sua força e nós entramos com a coragem e a boa disposição, mesmo quando socorrer alguém é desagradável, cansa, desvia do caminho, perturba. É então que o Espírito de amor se manifesta e nos impulsiona. É verdadeiro discípulo de Jesus quem pratica o seu único mandamento, o mandamento do amor fraterno. Estou mentindo quando digo que amo a Deus e, na prática, não amo meu irmão. Aquele samaritano não ia a Jerusalém e não rezava no Templo e, no entanto, fez a vontade de Deus. A caridade fraterna é o ato religioso por excelência, é o verdadeiro culto de amor a Deus. Para que servem então a Igreja, os atos religiosos, a Missa dominical, o terço e as novenas e todas as outras devoções? Servem para nos tornar mais responsáveis e para manter viva a fé alimentada na revelação que Deus nos deu na parábola do bom samaritano. Os cristãos estão colocados no coração do mundo como fermento na massa, como um estimulo de bondade junto de quem não tem fé, estimulo de misericórdia num mundo de vinganças, estimulo de perseverança nas desilusões e nos desencantos. A Palavra revelada está em nossa boca e em nosso coração. Nós podemos cumpri-la.