Discórdia - Reflexão do Cônego Celso Pedro

A A
14/08/2016 - 00:15

VIGÉSIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM
Jr 38,4-6.8-10; Sl 40; Hb 12,1-4; Lc 12,49-53

O batismo de fogo pelo qual passou Jesus foi sua morte dolorosa na cruz. No entanto, há quem pense que ser cristão é coisa de gente fraca. Na verdade, tanto a morte de Cristo quanto a de todos os mártires são expressão de uma vida forte e destemida. Quem segue Jesus deve estar disposto a conviver com a divisão que rompe diariamente a paz. A paz existe quando concordamos todos com o mesmo caminho para atingir o mesmo fim. A paz se rompe quando discordamos em relação ao caminho. As opiniões se multiplicam. E discordamos sobretudo quando não percebemos que a paz é fruto da justiça. Vem a divisão e desaparece a paz. Mas a divisão é também oportunidade para que se manifestem os comprovados. São Paulo escreve aos coríntios, que viviam em meio a muitas divisões, que elas eram boas, porque permitiam conhecer quem é quem no jogo das contradições. Seguir Jesus Cristo e saber que vou ter que discordar de meus familiares, e vou ter que administrar com sabedoria as divisões que surgirão na família, é coisa de gente forte e corajosa. Não falta a graça de Deus a quem quer viver por causa de Cristo e de seu Evangelho. A graça, porém, supõe a natureza e respeita a liberdade de nossa vontade. A vontade precisa ser bem exercitada para ser forte e superar os obstáculos que surgem no seguimento de Jesus. Vejam o profeta Jeremias. Que missão dura e difícil lhe foi dada. Tornou-se ele alvo de todo tipo de crítica e oposição. Deus, porém, coloca ao nosso lado uma multidão de testemunhas, pessoas amigas e dedicadas, que nos ajudam a resistir até ao sangue na luta contra o mal do pecado. Empenhemo-nos, pois, com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus.