Desafio: seguir Jesus - Raul de Amorim

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05/08/2016 - 00:15

Mt. 16,24-28

Os versículos do evangelho de hoje são a continuidade das palavras de Jesus a Pedro que meditamos ontem. Jesus não esconde nem abranda as exigências do discipulado. Não permitiu que Pedro tomasse a dianteira e o colocou no seu devido lugar: “Atrás de mim!” A leitura de hoje  nos orienta sobre as exigências no seguimento de Jesus.

Mt.16,24: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. Naquele  tempo, a cruz era a pena de morte que o império romano impunha aos marginais e bandidos. Tomar a cruz e carregá-la atrás de Jesus era o mesmo que aceitar ser marginalizado pelo sistema injusto que legitimava a injustiça.

A cruz não é fatalismo, nem exigência do Deus. A cruz é o resultado do compromisso que Jesus assumiu livremente para anunciar a Boa Nova de que Deus é Pai e que, portanto, todos e todas devem ser aceitos e tratados como irmãos e irmãs. O testemunho de Paulo na carta aos Gálatas mostra o alcance concreto de tudo isto: “Quanto a mim, que eu nunca me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio dele, o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo”. O seguidor de Jesus abraça a proposta como ela é, sem adaptações.

Houve quem falasse do apelo de Jesus para que cada um tomar a sua cruz como sendo um pedido para que a gente assumisse os sofrimentos e problemas do dia a dia. A cruz seria qualquer coisa que nos faz sofrer. A visão do evangelho vai mais além. Seguir Jesus é assumir com responsabilidade a nossa missão mesmo nas dificuldades. Isto é abraçar a cruz!  

Mt.16,25-26: “Quem perde a vida por causa de mim vai encontrá-la... Salvar a vida, perder a vida, encontrar a vida... A experiência de muito ensina: Quem foca a vida somente na busca de bens e riqueza, nunca fica saciado. Quem procura se doar aos outros, sente grande satisfação e mais felicidade. É a experiência das mães que se doam e de tanta gente que não pensa só em si, mas também nos outros.

Muitos fazem e vivem assim como por instinto, como algo que vem do fundo da alma. Outros porque passaram por uma experiência dolorosa que os levou a mudar de atitude. Jesus tem razão quando diz: “Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la”.

Importante lembrar o motivo: “por causa de mim” ou como diz o evangelista Marcos: “por causa do Evangelho” (Mc. 8,35) E Jesus continua: “De fato, de que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, se destrói a própria vida”? “Ou o que alguém dará em troca de sua própria vida?” (Mc. 16,26)  Esta ultima frase lembra o salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da própria vida: “Irmão, ninguém pode pagar pelo seu próprio resgate, homem nenhum pode pagar o seu preço a Deus”. (Sl 49,8)

Mt.16,27-28: “Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai , com seus anjos. E então dará a cada um de acordo com seu comportamento... Nesta frase se fala da justiça do Juiz. Cada um receberá de acordo com a própria conduta. A leitura termina como um aviso: “Eu lhes garanto: Dentro os que aqui se encontram, alguns não provarão a morte, sem antes verem o Filho do Homem vindo em seu Reino. (Mt.16,28)  Não é necessário morrer para ver o Filho do Homem e seu reino!  Este versículo é um aviso para ajudar a perceber a vinda de Jesus como Juiz nos fatos da vida. Alguns achavam que Jesus viria logo como percebemos na carta de Paulo aos Tessalonicenses (cf.1Ts.4,15-18) Hoje muitos  pensam da mesma forma e vivem prevendo datas para a volta de Jesus. E ficam paralisados sem realizar a sua missão.

Jesus, de fato, veio e já estava presente nas pessoas, sobretudo nos pobres. Mas eles não o percebiam. Ele mesmo tinha dito: “Aquela vez que você ajudou o pobre, o doente, o sem casa, o preso, o peregrino, era eu!” (Mt.25,34-45)  É bom lembrar que que em nossas celebrações reafirmamos: “Ele está no meio de nós!”