Buscado, Acolhido e Amado - Raul de Amorim

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03/06/2016 - 00:15

Lc, 15,3-7

O capítulo 15 do Evangelho de Lucas é o ponto central da longa caminhada para Jerusalém. São três parábolas que pretendem responder ao questionamento dos fariseus e doutores da Lei que o evangelista registra nos primeiros versículos: Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam para ouvir Jesus. Mas os fariseus e doutores murmuravam: “Esse homem recebe pecadores e come com eles”. (Lc. 15,1-2)

A atitude de Jesus justifica as suas próprias palavras: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, e sim os doentes, Eu não vim chamar os justos e sim os pecadores para conversão”.  Jesus traz um novo ensinamento. Sua opção escandaliza os poderosos. Para explicar a sua opção e fazer entender conta três histórias. Hoje temos a parábola do pastor e da ovelha.

Lc.15,3-5: Então Jesus lhes contou esta parábola: “Quem de vocês, se tiver cem ovelhas e perder uma, não  deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu até encontrá-la? É interessante observar que a parábola começa com uma pergunta. Jesus não espera a resposta, mas continua... Chama a atenção da gente a atitude absurda do pastor que deixa tantas ovelhas no deserto para ir em busca de uma única. Ele não pensa nos riscos que terá pela frente.

Diante da questão levantada, provavelmente a maioria teria respondido: “Jesus aqui entre nós, ninguém faria uma coisa tão absurda. O povo até diz: “melhor um passarinho na mão do que dez voando!” Quem faria uma coisa dessas? Como a gente responderia?

Talvez, neste jeito de falar, Jesus queira apresentar o verdadeiro rosto de Deus que, movido de misericórdia, vai ao encontro do que está perdido. Não para condenar, mas para acolher e amar. Isso é motivo de alegria. Os fariseus e os escribas abandonavam os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da ovelha perdida. Deixariam que ela se perdesse no deserto.

Será que os fariseus e escribas se esqueceram da Palavra de Deus que diz através do profeta Isaías: “Como um pastor, Ele cuida do rebanho, e com seu braço o reúne, leva os cordeirinhos no colo e guia mansamente as ovelhas que amamentam”. (Is.40,11)

E no livro do profeta Ezequiel em que o próprio Deus se apresenta como pastor: “Procurarei aquela que se perder, trarei de volta aquela que se desgarrar, curarei a que se machucar, fortalecerei a que estiver fraca...“ (Ez. 34,16)

Lc.15, 6-7: “Alegrem-se comigo, porque encontrei...”  Jesus se coloca na pele da ovelha que se perdeu e que no contexto da religião daquele tempo, cairia no desespero, sem esperança de ser acolhida. É como se Jesus mandasse um recado para eles e para nós: “Se por acaso você se sentir perdido, lembre-se que para Deus você vale mais que as noventa e nove outras ovelhas”.

Praticar a misericórdia é carregar, com ternura, os excluídos, os pecadores, com suas dores e clamores, como faz o pastor com a ovelha perdida e cansada. É conviver com o povo; é andar, visitar, escutar, sentar, partilhar, socorrer, questionar, assim como fazia Jesus.