“Boanerges: nem ontem e nem hoje!” - Diácono Mario Braggio

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27/09/2016 - 00:15

Lc 9,51-56

“Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. E partiram para outro povoado” (Lc 9,51-56). Como se vê, não foi por acaso que Jesus deu-lhes o apelido de boanerges, que significa: filhos do trovão...

A viagem para Jerusalém era decisiva para o cumprimento da missão de Jesus. Ele poderia ter evitado passar pela Samaria – lugar onde os peregrinos que se dirigiam à Jerusalém eram hostilizados – mas quis mostrar àqueles que o seguiam que estava ali para pacificar, para salvar, e não para condenar. Os filhos de Zebedeu, discípulos fieis e zelosos, inconformados com a rejeição imposta ao Mestre, ofereceram-se para “acabar com todo mundo” daquele povoado. Jesus não aprovou a ideia, é claro; eles queriam castigá-los com a morte, enquanto Jesus, o rosto misericordioso do Pai, quer a vida.

Desde quando, porém, Jesus havia percebido o seu temperamento altivo com propensão a reações abruptas e explosivas? E, tendo-o notado, por que os manteve no grupo dos Doze? Porque “viu” (Mt 4,21) neles qualidades, a começar pela disponibilidade e pela entrega, pois, quando os chamou, “eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no” (Mt 4,22).

Nem ontem e nem hoje os discípulos do Mestre são escolhidos após um rigoroso processo seletivo. Entre os apóstolos de ontem e de hoje há gente de todo tipo, com diferentes características e motivações. Jesus não mandou e não manda ninguém embora. Assim deve ser: “nós somos muitos, mas formamos um só corpo”, diz o verso do canto. Que entre nós não haja divisões; que o cuidado seja o mesmo uns com os outros; se um de nós padece, todos padecemos juntos; se um é honrado, todos nos alegramos com ele (cf. 1Cor 12).