A aflição não elimina a esperança - Raul de Amorim

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26/05/2017 - 00:15

Jo. 16,20-23

Nestes dias entre a Ascensão e Pentecostes, os evangelhos de cada dia são tirados dos capítulos 16 a 21 do evangelho de São João, onde fazem do assim chamado “Livro da Consolação perante a Comunidade”. O ambiente é de tristeza e expectativa. Tristeza: porque Jesus está se despedindo e a saudade toma conta do coração da pequena comunidade. Expectativa: porque está chegando a hora de receber o dom prometido do Consolador que fará desaparecer a tristeza e trará de volta a alegria...

Jo.16,20: “Eu lhes garanto: Vocês vão chorar e se lamentar, mas o mundo vai se alegrar. Vocês ficarão angustiados, mas a angustia de vocês se transformará em alegria...”

Tristeza e sofrimento estão presentes nas comunidades do fim do primeiro século para as quais João dedica o evangelho. Elas viviam uma situação difícil que era causa de aflição e angústia. Como suportar? João faz memória das palavras de Jesus para alimentar a esperança do povo. Não se pode desanimar.

O nosso povo também está passando por momentos de angustia e tristeza. Parece que não se têm alternativa. A leitura pode nos animar não para esperar um “salvador da pátria”, mas para nos mobilizarmos em comunidade... Os problemas que estamos enfrentando não podem destruir a esperança, que se alimenta na presença permanente de Jesus Ressuscitado.

Jo.16,21:  “Quando mulher está para dar à luz, fica angustiada, porque chegou a sua hora. Mas quando a criança nasce ela nem se lembra da aflição, por causa da alegria, pois um ser humano foi dado ao mundo...”

Todos entendem esta comparação, sobretudo as mães: O que isso ensina para as comunidades em aflição? A sensação de que as coisas não vão melhorar a dor, a angustia, a incerteza não podem nos deixar parados. Tudo isso vai passar! São dores de parto para o nascimento de uma nova mentalidade.

Esta mensagem fortaleceu as comunidades cansadas do tempo de João e têm força para animar as nossas comunidades. Não podemos desanimar! Somos chamados a viver na esperança e estarmos dispostos a dar explicações sobre a nossa fé. Não podemos ficar omissos. Omissão também é pecado.

Jo.16,22-23: “Agora vocês estão angustiados. Mas eu logo os verei, e seus corações se alegrarão, e essa alegria ninguém vai tirar de vocês. Nesse dia, vocês não me farão mais perguntas...”

Esta é a certeza que anima as comunidades cansadas e perseguidas da Ásia Menor (atual Turquia) e as faz caminhar na esperança. Como diz o poeta: “Faz escuro, mas eu canto!” A expressão “nesse dia”indica a chegada definitiva do Reino que traz consigo a sua própria claridade. A luz de Deus é a resposta total e plena a todas as perguntas que poderiam nascer de dentro de nossos corações.