QUANDO O SOFRIMENTO SE FAZ PRESENTE... - Raul Amorim

A A
15/09/2017 - 08:00

 Jo. 19, 25-27

Sofrimento é destino inevitável, porque é fruto do processo que nos torna mais humanos. O grande desafio é saber identificar o sofrimento que vale a pena ser sofrido. A Sagrada Escritura fala de dores e sofrimento. Maria como mãe de Jesus experimentou essa realidade. Na festa de Nossa Senhora das dores vamos meditar pelo evangelho de João.

Jo. 19,25: Junto à cruz de Jesus estava sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.

A “fotografia” mostra a mãe junto do filho com outras mulheres. Qualquer mãe pode avaliar a aflição da perda de um filho. O evangelista nos ensina com esta cena a capacidade de Maria de ser Mãe até o extremo. É impossível descrever a profundidade da dor no coração de uma mãe ao ver seu filho condenado à morte, sabendo que ele é justo e bom.

No evangelho de João, a mãe de Jesus aparece duas vezes: no começo, nas bodas de Caná, e no fim, ao pé da cruz. Estas duas passagens, exclusivas no evangelho de João, têm um valor simbólico muito profundo: Nos dois casos a Mãe de Jesus simbolicamente representa o Antigo Testamento que aguarda o Novo Testamento e nos dois casos, ela contribui para que o Novo aconteça e se faça presente. Maria aparece como o elo entre o que havia antes e o que virá depois.  

 Um outro olhar...A presença de Maria junto ao seu Filho no momento mais sofrido mostra para nós a realização da profecia de Simeão: “Quanto a você uma espada vai atravessar a sua alma...” Deve ter sido um momento muito para Maria sua mãe. Num dia em que tudo parecia alegria e benção fica sabendo que seu Filho será motivo de contestação... A vida é assim: momentos de alegrias e desafios!

Jo. 19, 26-27: Quando Jesus viu sua mãe e ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí o seu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí a sua mãe” E desde essa hora o discípulo a recebeu em casa.

Mais alguém aparece na “foto” aos pés da cruz: O Discípulo Amado. Atendendo ao pedido de Jesus, o discípulo amado, o filho do Novo Testamento, recebe a Mãe, O Antigo Testamento         em sua casa. Podemos dizer que é na casa do Discípulo Amado, na comunidade cristã, que se descobre o sentido pleno do Antigo Testamento.

Santo Agostinho dizia: “O Novo Testamento está escondido no Antigo Testamento. O Antigo desabrocha no Novo”. O Novo sem o Antigo Testamento seria um prédio sem fundamento. E o Antigo sem o Novo seria uma árvore frutífera que não chegou a dar fruto.

... Muitos utilizam as expressões: Primeiro Testamento e Segundo Testamento para substituir: Antigo          (Velho) Testamento e Novo Testamento

 Um outro olhar... Maria não ficou em casa, trancada, curtindo a dor e o sofrimento, mas partilhou a sua vida com os seguidores de Jesus porque em seu coração a Esperança lhe dava certeza que seu Filho estava vivo! Ser Seguidor de Jesus é não perder a Fé e a Esperança mesmo diante da dor, da incerteza.

É saber fazer nascer à vida a partir das situações de dor, e de morte pelas quais passamos. Maria mãe de Jesus é o exemplo párea as mães de todos os tempos, de modo especial, as que se deparam diante de seus filhos mortos por causa da injustiça e da maldade deste mundo. Que Maria, Mãe das dores nos dê força e coragem.

P/CEBI (Centro Estudos Bíblicos) Raul de Amorim Pires> raul4ap@gmail.com