A pastoral Fé e Política da Região Belém promoveu nos dias 27, 28 e 29 de julho, no Centro Pastoral São José, no Belém, a XVI Semana de Fé e Política, que contou com a participação de centenas de agentes de pastoral, movimentos e religiosos.

“Igreja e Sociedade: desafios e esperanças” foi o tema da Semana que, durante os três dias, foi oportunidade de meditar sobre os desafios e esperanças não só no âmbito político, mas sobretudo pastoral.

Na fala de abertura, Dom Edmar Peron, bispo auxiliar para a Região Belém, recordou palavras do papa Francisco no discurso com os movimentos populares, na Bolívia. “Digamo-nos sem medo: Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável: não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos, e nem sequer a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco. [...] A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença”.

“Somos gente cheia de esperança, queremos entrar na roda, queremos fazer parte deste momento novo e ser semeadores da esperança, onde quer que estejamos”, completou Dom Edmar.

Pe. Oscar Beozzo, coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviço à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), assessorou a primeira noite do encontro, levando para a discussão a caminhada da Igreja da ditadura militar aos dias atuais. Pe. Beozzo recordou a trajetória da Igreja desde o Concílio Vaticano II, tendo como principal referência a Constituição Pastoral Gaudium et Spes. Os documentos “Eu ouvi os clamores do meu povo”, elaborado pelos bispos do Nordeste, e o “Marginalização de um povo”, pelos bispos do Centro-Oeste, ambos lançados em 1973, em que denunciavam situações de injustiça, como a fome, a má divisão de terra, a ofensa contra os povos nativos, em plena ditadura militar, foi lembrado, como exemplo de anúncio e profetismo da Igreja em tempos de desafios. Cerca de 250 pessoas participaram desta noite. A mística inicial foi preparada e desenvolvida pela CEBs que refletiu sobre as mãos e os pés dos discípulos e missionários de Jesus Cristo. Para conhecer os pontos tratados pelo palestrante, clique aqui.

Na segunda noite de reflexões, o professor da UNICAMP, Plínio Sampaio Jr., foi o convidado para fazer uma análise histórica e atual, social, politica e econômica. O Profº Plínio iniciou sua reflexão com a indagação “Estamos resolvendo o problema do Brasil hoje?”. Lembrou que estamos vivendo uma conjuntura de mudança, e olhou a conjuntura por uma perspectiva histórica. Citou o sociólogo Florestan Fernandes, para recordar que o Brasil não esqueceu sua herança escravagista e que o Brasil ainda sofre com resquícios do colonialismo. Não deixou de falar da atual crise que o Brasil vive, que segundo ele, é impacto da grande crise mundial. Cerca de 150 pessoas participaram desta noite. A mística inicial foi preparada e desenvolvida pelo Conselho de Leigos da REB que refletiu sobre as injustiças e as esperanças baseados no livro do Profeta Amós. Para saber mais detalhes, clique aqui.

“Desafios e esperanças pastorais, e políticos”, foi o tema da última noite, que contou com a assessoria do Pe. Nelito Dornellas. O ponto de partida de Pe. Nelito foi o profeta Jeremias, que denunciava os males sociais da época, como o latifúndio, leis injustas, escravidão, e pregava a prática da justiça e do direito. Jeremias foi uma grande esperança politica para o povo, em meio a grandes desafios. Relembrou as Conferências Episcopais Latino-americanas, bem como a atuação de Dom Luciano Mendes (bispo auxiliar para Região Belém de 1976 a 1988) na Conferência de Santo Domingo em 1992. A crise das instituições foi trabalhada a partir de uma pesquisa divulgada pelo Ibope. Ao fim foi apresentado um quadro sobre a composição da dívida pública brasileira. Cerca de 150 pessoas participaram desta noite. A mística inicial foi preparada e desenvolvida pela Pastoral da Juventude da REB que refletiu sobre a esperanças baseada nos pronunciamentos e documentos do Papa Francisco e apresentou os símbolos dos diversos movimentos e pastorais presentes da Semana. Saiba mais aqui.