PUC-SP fecha 2014 com superávit

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<p>A PUC-SP fecha as contas no positivo, "&nbsp;dinheiro vem para a Fundação e volta para a própria comunidade", diz&nbsp;Padre Rodolpho.</p>
Publicado em: 16/04/2015 - 11:00
Créditos: Jornal O SÃO PAULO – Edição 3047

Por Padre Michelino Roberto,
Rafael Alberto e Fernando Geronazzo

“A crise vem sendo superada a cada ano, desde 2005, e está absolutamente controlada no aspecto financeiro”, afirmou o Padre Rodolpho Perazzolo, secretário executivo da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). De acordo com o balancete aprovado na segunda-feira, 13, a instituição apresentou superávit de 1 milhão de reais.

Não é a primeira vez que a PUC-SP apresenta resultados positivos desde 2005, quando enfrentou a maior crise de sua história. Na ocasião, a Universidade fechou o ano com um déficit de 79,8 milhões de reais.
Em 2006, quando a Arquidiocese de São Paulo assumiu a administração da Fundasp, com a nomeação de dois padres como secretários executivos – até então, o reitor da Universidade acumulava essa função –, a dívida caiu para 26 milhões de reais. “Em 2008, deixamos a dívida em 18 milhões de reais e aí começamos a ter resultados positivos”, explicou Padre Rodolpho.  Hoje, a PUC-SP consegue honrar todos os seus compromissos financeiros, incluindo as parcelas mensais dos empréstimos bancários.

O Secretário Executivo explicou ao O SÃO PAULO que o resultado financeiro positivo é o fruto da racionalização das atividades acadêmicas e das despesas. Paralelamente, a Fundasp conseguiu um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2007 (já quitado), e agora pleiteia um novo. Segundo Padre Rodolpho, “a ideia é colocar a dívida restante dos bancos comerciais no BNDES”. Além disso, com o novo empréstimo, a Fundação pretende investir 30 milhões de reais em reformas físicas dos campi da Universidade. “Nós sempre recebemos notas boas nas avaliações do Ministério da Educação e Cultura (MEC), mas no aspecto de infraestrutura, as notas são baixas. Sabemos que há carência nisso”. 

Excelência acadêmica

O fato de a Universidade ter tido superávit de 1 milhão de reais em 2014 não significa que haverá divisão de lucros. “A Fundação reinveste os resultados positivos dentro da própria Universidade, diferentemente de outras instituições de ensino administradas por grandes conglomerados – muitos estrangeiros –, cujo lucro vai direto para os acionistas”, explicou Maria Amália Pie Abib Andery, pró-reitora de pós-graduação da PUC-SP. “Não existe lucro. Existe resultado positivo. O dinheiro vem para a Fundação e volta para a própria comunidade. A PUC tem uma natureza diferente de outras universidades privadas”, completou Padre Rodolpho.

Universidade privilegia investimentos sociais

A racionalização das despesas não prejudicou a qualidade acadêmica oferecida, garante a professora Maria Amália. “Teria sido fácil vender o patrimônio da universidade, demitir mais funcionários e professores e impedir o crescimento no plano de carreira. Nunca tivemos, nem no pior momento da crise, pressão por parte da Fundasp para fechar a pós-graduação, por exemplo. Foram anos difíceis no âmbito administrativo, mas muito bem sucedidos no desempenho acadêmico da universidade”, acredita a pró-reitora.

A crise também não prejudicou a atuação social. “A Fundasp é uma entidade filantrópica mista qualificada em três áreas: saúde, educação e assistência social. Embora sua preponderância esteja na área da educação, sua certificação passa pelas três áreas, porque ela atua nestas efetivamente”, explicou Ana Paula de Albuquerque Grillo, consultora jurídica da Fundação.

Entre as atividades sociais desenvolvidas pela PUC-SP estão o Hospital Santa Lucinda, em Sorocaba (SP); a Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (Derdic), em São Paulo, que atua na educação de surdos e no atendimento clínico a pessoas com alterações de audição, voz e linguagem; além de uma clínica psicológica e assessoria jurídica. “A Fundasp poderia ser uma entidade filantrópica somente em uma área, mas ela opta por ser nas três áreas. Essa característica é a mais marcante da Universidade, sua atuação em prol da comunidade”, ressaltou Ana Paula Grillo.

O Hospital atende gratuitamente mais dos 60% destinados para o Sistema Único de Saúde (SUS), chegando a 7.500 internações e 43.450 atendimentos ambulatoriais.

No escritório de consultoria jurídica, foram 30 mil atendimentos coletivos para a população de risco, em 62 comunidades assistidas, como por exemplo a Favela do Moinho, na região central de São Paulo, e 18.624 atendimentos individuais. “Tudo isso tem um custo para a Fundação. Em 2014, cerca de 24 milhões de reais foram investidos na assistência social”, informou a Consultora Jurídica.

No campo da educação, só no ano passado, foram concedidas 2.299 bolsas, 100% gratuitas, entre o Programa Universidade para todos (PROUNI), do Governo Federal, e bolsas filantrópicas da Fundasp, além das 448 bolsas parciais de 50%, no universo de 14.700 alunos da graduação. “Para ser filantrópica na área da educação, por exemplo, não seria preciso esse número de bolsas que hoje a Universidade concede, não haveria necessidade de ter uma assistência social com o porte que há hoje”, afirmou Ana Paula Grillo.

Outra iniciativa de inclusão já tradicional na PUC-SP é o Projeto Pindorama, junto com Pastoral Indigenista, por meio do qual os indígenas de diferentes etnias têm acesso à graduação e pós-graduação. Padre Rodolpho ressaltou que esse projeto é inteiramente da PUC-SP, sem incentivo governamental.