‘Olhemos para Aquele que ressuscitou e vive na eternidade’

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Afirmou o Cardeal Scherer, na missa do domingo da Páscoa da Ressurreição, na cripta da Catedral da Sé
Publicado em: 04/04/2021 - 14:45
Créditos: Redação

“Ele está no meio de nós! Esta é a nossa profissão de fé: o Senhor ressuscitou, não esta mais no túmulo, não está mais entre os mortos. Ele vive entre nós”. Com essa afirmação, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, iniciou a missa da Solenidade da Páscoa da Ressurreição, na manhã deste domingo, 4.

A Eucaristia foi celebrada na cripta da Catedral da Sé, sem a participação dos fiéis e transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais, em conformidade com as medidas adotadas na Arquidiocese de São Paulo para conter o avanço a pandemia de COVID-19, que vive a fase mais crítica, com número elevado de casos, mortes e ocupação dos leitos hospitalares.

O rito dessa celebração começa com a aspersão dos fiéis com água benta, em recordação do Batismo, cujas promessas foram renovadas na Vigília Pascal, celebrada  na noite do Sábado Santo, 3.

A liturgia do Domingo também é marcada pelo canto da Sequência Pascal, hino litúrgico que remonta o século XI, entoado logo após a segunda leitura, antes da aclamação ao Evangelho da ressurreição.

Testemunho do apóstolos

Na homilia, Dom Odilo destacou que a Páscoa deste ano novamente é celebrada no contexto de “sofrimento, angústia, e confusão”. Recordando os relatos dos evangelhos sobre a ressurreição, o Cardeal convidou todos a imaginarem como foi a primeira Páscoa dos cristãos. “Certamente foram dias cercados por angústia, tristeza, incerteza e confusão, mas também por alegria. Enquanto isso, as primeiras manifestações de Jesus ressuscitado e a notícia logo espalhou”, disse.

“Essa história continua, não parou desde então. Há quem nega, há quem quer provas, como São Tomé, há os que aceitam o testemunho dos apóstolos, há os que creem e experimentam a alegria da ressurreição”, continuou o Arcebispo.  

O Cardeal também ressaltou que, ainda hoje, existem aqueles que desejam provar tudo na medida da história, da ciência, que têm o seus próprios objetos de estudo. “A ressurreição de Jesus e o que a Igreja afirma sobre ela é, sobretudo, objeto da fé, do testemunho. É  esse testemunho que hoje somos convidados a acolher novamente”, afirmou.

A humanidade entra na vida eterna

Dom Odilo acentuou que a primeira grande afirmação da fé da Igreja contida no mistério pascal é que Jesus ressuscitado introduz na história humana a vida eterna. “Sabemos disso pelo testemunho dos apóstolos. Eles estiveram com o Senhor” acrescentou o Cardeal recordando o testemunho de São Pedro relatado na primeira leitura: “Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,40-41).

“‘Jesus nos mandou pregar’, diz o Apóstolo e, então, vem a nova palavra, que interpreta, finalmente, quem é Jesus: ‘Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos’. Significa que ele irá nos julgar se aceitamos, se cremos, se acolhemos o seu Evangelho”, sublinhou o Arcebispo, acrescentando as últimas palavras do discurso de Pedro: “Todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados”.

Convite à reflexão

“Queridos irmãos e irmãs, nós estamos celebrando a Páscoa, como fazemos todos os anos. Mas a pergunta é: o que nos traz de novo a Páscoa deste ano? O que levamos de novo para a nossa vida, celebrando a Páscoa neste contexto em que nós nos encontramos?”, convidou Dom Odilo à reflexão.

“Certamente, esta Páscoa nos convida a nos colocarmos seriamente diante da nossa vida e nos perguntemos: ‘Afinal, o que estou fazendo aqui? Para onde vou? Do jeito que eu vivo,  posso me apresentar diante de Jesus, que um dia me julgará?’”, acrescentou o Purpurado.

O Cardeal Scherer enfatizou que a atual pandemia chama atenção para a precariedade da vida, enquanto o mistério pascal convida todos a olharem para aquele que ressuscitou e vive na eternidade.

Ao lado dos que sofrem

O Arcebispo desejou que esta Páscoa também traga alegria, esperança e conforto para todos aqueles que sofrem, sabendo que sua vida não está fadada simplesmente a cair no vazio, as alcançará a eternidade em Cristo. “Coragem! Lutemos por tudo de bom e de bonito que Deus já nos concede experimentar já nesta existência”, exortou.

“Coloquemo-nos ao lado dos que sofrem, que passam privações e ajudemo-los  a carregar o fardo da sua dor, da sua cruz, mas também, não deixemos de lhes dar uma palavra de esperança, apontando o horizonte luminoso que há diante de todos nós. Olhando a misericórdia de Deus que manifestou em Cristo ressuscitado, todos nós podemos participar um dia da sua vida gloriosa”, completou Dom Odilo. 

Restrições continuam na Arquidiocese

No fim da celebração o Arcebispo de São Paulo ressaltou que enquanto perdurar a fase crítica da pandemia, as medidas restritivas adotadas pela Arquidiocese permanecem as mesmas, com a suspensão das missas e demais celebrações com a presença de fiéis.

Dom Odilo esclareceu que tais restrições não são proibições. “Ninguém proibiu que se reze missas. Isso seria, inclusive, contra a constituição. Nós estamos colaborando com toda a comunidade que leva a sério o apelo para cortarmos quanto antes o contágio e a transmissão do coronavírus. Por isso, continuamos nessa situação até que tenhamos sinais de melhora”, afirmou.

As celebrações, portanto continham a ser celebradas diariamente nas paróquias e comunidades, sem povo e transmitidas pelas mídias digitais. A determinação em vigor também prevê que as igrejas permaneçam abertas para que as pessoas posam fazer suas orações pessoais e serem atendidas individualmente pelos sacerdotes, seguindo os protocolos das autoridades sanitárias.

Em seguida, o Cardeal recomendou às pessoas que não deixem de se vacinar assim que possível. “A única solução nesta altura é a vacina. Assim, estaremos preservando a nossa saúde e a dos demais. Que a vacina venha em abundância. Que as autoridades deem seu sinal de esperança, fazendo o melhor possível para que toda a população brasileira possa receber a vacina quanto antes”, manifestou Dom Odilo.