Legado de dom Luciano é celebrado na periferia de São Paulo

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Dom Luciano foi bispo auxiliar da Região de 1976 a 1988
Publicado em: 06/09/2017 - 18:45
Créditos: Redação

Para fazer memória dos onze anos da morte de dom Luciano Mendes de Almeida, a Região Episcopal Belém, como realiza todos os anos, celebrou missa em homenagem ao bispo em processo de beatificação.

A celebração aconteceu na matriz da Paróquia Nossa Senhora da Esperança, no Jardim Sinhá (Parque dos Bancários),no setor Sapopemba, no dia 25 de agosto, dois dias antes do aniversário de morte de dom Luciano, que faleceu no dia 27 de agosto de 2006.

Com a igreja lotada, a celebração reuniu, além de paroquianos, muitos educadores da Pastoral do Menor, pastoral criada na Região Belém, por dom Luciano, e que em 2017 completa 40 anos de história.Entre as instituições que participaram da celebração, estavam o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, Ação Comunitária Pe. Emir Rigon, A Colméia, CEDECA Sapopemba, entre outras.

Pela primeira vez, dom Luiz Carlos Dias, vigário episcopal para Região Belém, preside a celebração em honra a seu antecessor. Dom Luciano foi bispo auxiliar para Região Belém de 1976 até 1988.

A atenção especial aos menores foi recordada na celebração que contou com grande número de crianças atendidas pelos projetos da Pastoral do Menor. Fazendo memória de dom Luciano que reunia as crianças ao redor do altar nas celebrações no Sinhá, dom Luiz convidou as crianças a circundarem o altar durante a oração eucarística.

Durante a homilia, dom Luiz lembrou que dom Luciano “impulsionou trabalhos junto aos menores” e que foi “um dom maravilhoso para essa Região Belém” e “profundo discípulo de Jesus”. “Essa pessoa passou entre nós acendendo luzes”, finalizou.

Também presente na missa, a vereadora de São Paulo, Juliana Cardoso, atribuiu a atuação de dom Luciano sua formação na defesa da criança, adolescente e juventude. “Lembrar dom Luciano no momento que estamos vivendo na política brasileira é dizer que ainda há esperança”, relatou a vereadora que iniciou sua caminhada nas comunidades eclesiais de base e na Pastoral da juventude, em Sapopemba.


“Se você acender uma luz na vida de uma criança, essa criança será a luz da sua vida”

Sinhá

O lugar escolhido para a celebração estava cheio de simbolismo. O espaço onde hoje é a matriz foi durante um tempo o local onde eram atendidas as crianças pelas religiosas que lá chegaram em 1980.

Depois de construída em mutirão a comunidade foi inaugurada em 24 de dezembro de 1980 por dom Luciano, e no dia seguinte, no Natal, recebeu a visita de dom Paulo Evaristo Arns, então arcebispo da arquidiocese de São Paulo.

As religiosas que iniciaram o trabalho com as crianças e a comunidade, Irmãs Terezinha Bosco, Maria de Lourdes Toledo (Lourdinha) e Marilda de Camargo  ainda vivem no local, 37 anos depois da chegada no Sinhá, como é conhecido o bairro.

O carinho de dom Luciano pelo bairro se expressou também em um artigo escrito para a Folha de São Paulo, em 1984, em que dizia que as crianças transformaram a história e a realidade do local.

 

“O Menor não é problema, e sim solução”

 

Memorial dom Luciano

    Para preservar a memória de dom Luciano foi montado um espaço permanente na creche Dom Luciano Mendes de Almeida, onde hoje funciona o Centro para Crianças e Adolescentes Emília Mendes, onde estão expostas objetos usados pelo servo de Deus.

"Há muito tempo que nós queriamos fazer essa lembrança", expressa a Ir. Terezinha Bosco, uma das organizadoras do espaço. "Isso é muito importante para o povo daqui", testemunhou.

    O cálice usado na inauguração da comunidade e a túnica e estola que o bispo utilizava quando celebrava no local dividem espaço com fotos que contam a história do bairro, do crescimento da comunidade e das creches e equipamentos voltados à criança e adolescente que nasceram com o trabalho das religiosas.

    "Lembrar dom Luciano é lembrar de um homem de oração. Tinha a impressão que ele vivia de oração. Era um homem que tinha uma paixão incondicional a Jesus Cristo", disse Antonia Mucciolo.

   

“Em que posso servir”

 

“Em nome de Jesus”

"Um exemplo de vida. Quando tinhámos uma necessidade ele se adiantava em ajudar. Era muito preocupado com a pessoa humana, relata Laurentina Silva, a Iracema, como é conhecida. "Dom Luciano jamais será esquecido por nós que convivemos com ele", conclui.

Luciano Pedro Mendes de Almeida era de família nobre e nasceu no Rio de Janeiro em 1930. Padre jesuíta foi nomeado bispo em 1976, pelo Papa Paulo VI, para ser vigário episcopal de Dom Paulo Evaristo Arns, na Arquidiocese de São Paulo, especificamente na Região Episcopal Belém.

Dom Luciano permaneceu na Arquidiocese de São Paulo até 1988, quando foi nomeado arcebispo de Mariana, onde permaneceu até a sua morte, aos 75 anos, em 2006. Se destacou fortemente na defesa dos direitos humanos, das crianças e adolescentes e de todos os marginalizados.

Foi secretário geral da CNBB (1979-1986) e presidente (1987- 1994) da CNBB, fazendo parte do Conselho Permanente desta entidade de 1987 até sua morte. Fez parte da Pontifícia Comissão Justiça e Paz, do Conselho Episcopal Latino-Americano, e da Comissão Episcopal para a Superação da Miséria e da Fome.

 

“Não se esqueçam dos meus pobres!”

 

Oração pela Beatificação

Senhor Jesus Cristo, glória dos vossos Sacerdotes, Bom Pastor que destes a vida pelas vossas ovelhas, nós vos agradecemos pelas virtudes e dons com que vos dignastes adornar a alma do grande Arcebispo, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, para fazer dele um Modelo Luminoso de defensor dos pobres, reformador da Igreja e Santificador do Povo Cristão.

Vós que prometestes glorificar aqueles que vos servirem, dignai-vos glorificar, com a honra dos altares, se for para a maior glória da Santíssima Trindade e honra do vosso Sacerdócio e da vossa Igreja, este vosso servo, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, e concedei-nos, para este fim, por sua intercessão junto de Vós, a graça (pede-se a graça…) que confiantemente vos pedimos.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.

 

“Deus é bom”