Um resumo da Viagem Apostólica do Santo Padre à RD Congo e ao Sudão do Sul

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Confira um resumo da 40º Viagem Apostólica do Papa Francisco
Publicado em: 08/02/2023 - 16:45
Créditos: Redação

Entre os dias 31 de janeiro e 5 de fevereiro, o Papa Francisco realizou “uma peregrinação ecumênica de paz” à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul. Confira os melhores momentos desta viagem:

 

TERÇA-FEIRA, 31 DE JANEIRO

 

Na terça-feira, 31 de janeiro, antes de deixar a Casa Santa Marta e dirigir-se ao aeroporto, Francisco encontrou-se com uma dezena de migrantes e refugiados provenientes justamente da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, acolhidos e apoiados, com suas famílias, pelo Centro Astalli. Com eles estava o prefeito do Dicastério para a Caridade, cardeal Konrad Krajewski.

 

Ao chegar ao aeroporto de Fiumicino, o carro do Santo Padre parou brevemente na proximidade do Monumento aos Caídos de Kindu, os 13 aviadores italianos mortos no Congo em 11 de novembro de 1961. Às vítimas daquele sangrento massacre e a todos aqueles que perderam a vida participando nas missões humanitárias e de paz, o Papa Francisco dedicou uma oração, e depois seguiu em direção ao avião.

 

Como costuma fazer, o Papa Francisco fez uma breve saudação aos 75 jornalistas de 12 países, 2 dos quais africanos, presentes no voo que o leva à Kinshasa, concluindo com uma oração silenciosa: “Bom Dia! Sejam todos bem-vindos e obrigado por acompanhar nesta viagem. Esperei um ano, hein. É uma bela viagem, eu gostaria de ter ido a Goma, mas com a guerra não dá para ir. Será somente Kinshasa e Juba, de lá faremos tudo”. 

 

O Papa Francisco chegou a Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, no âmbito de sua 40ª Viagem Apostólica Internacional. O avião papal Airbus A350 da Ita Airways aterrissou no Aeroporto Internacional de N’djili, às 14h33, hora local, 10h30 no horário de Brasília, pouco antes do horário previsto. Francisco desceu do avião no elevador e foi acompanhado até o pátio cerimonial numa cadeira de rodas. Foi saudado pelo primeiro-ministro congolês, Jean-Michel Sama, pela Guarda de Honra e por duas crianças que lhe ofereceram flores. Em seguida, Francisco e o primeiro-ministro se dirigiram para a Sala VIP, onde teve a lugar a apresentação das delegações e um breve encontro.

 

Em seu primeiro discurso em terras congolesas, na terça-feira, 31, o Papa Francisco encontrou no Palais de la Nation, em Kinshasa as autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático. Em seu discurso, falou da beleza natural do país, é “como um continente no grande continente africano, parece que toda a terra respira”, porém, continuou, “se a geografia deste pulmão verde é tão rica e matizada, já a história não se mostrou igualmente generosa: atormentada pela guerra, a República Democrática do Congo continua a padecer”. “E enquanto vós, congoleses”, continuou Francisco “lutais para salvaguardar a vossa dignidade e a vossa integridade territorial contra condenáveis tentativas de fragmentar o país, venho até junto de vós, em nome de Jesus, como um peregrino de reconciliação e de paz. Muito desejei estar aqui e, finalmente, venho trazer-vos a solidariedade, o afeto e a consolação de toda a Igreja e aprender com o vosso exemplo de paciência, de coragem e de luta”.


 

QUARTA-FEIRA, 1o DE FEVEREIRO 

 

O Papa Francisco celebrou a missa pela paz e a justiça no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo, na quarta-feira, dia 1o. Participaram da celebração eucarística cerca de um milhão de fiéis. “Desejei muito este momento. Obrigado por terdes vindo aqui”, disse ele.

 

Em um território marcado por muitos conflitos recentes, em especial na porção Leste do país, o Papa Francisco ouviu na tarde da quarta-feira, dia 1o, na sede da Nunciatura Apostólica, os relatos de familiares e sobreviventes dos conflitos em andamento na República Democrática do Congo. Atentamente, o Papa escutou os relatos da violência brutal dos conflitos no Leste da República Democrática do Congo, que incluem assassinatos em massa, mutilações, sequestro, estupros em série, deslocamentos forçados e a vida em campos refugiados superlotados e insalubres.

 

O último compromisso do Papa Francisco no segundo dia de viagem à República Democrática do Congo, na quarta-feira, dia 1o, foi com os representantes de algumas obras sociocaritativas na Nunciatura Apostólica local. Francisco iniciou sua saudação aos presentes afirmando que neste país, “onde há tanta violência que ribomba como o estrondo duma árvore derrubada, vós sois a floresta que cresce dia a dia em silêncio e torna o ar melhor, respirável”.

“Assim cresce o bem, na simplicidade de mãos e corações estendidos para os outros, com a coragem dos pequenos passos para se aproximar dos mais frágeis em nome de Jesus”, prosseguiu. 

 

QUINTA-FEIRA, 02 DE FEVEREIRO 

 

O Papa Francisco encontrou-se com os jovens e os catequistas no Estádio dos Mártires, na manhã da quinta-feira, 2, em Kinshasa, na República Democrática do Congo. Antes do discurso do Pontífice, houve as boas-vindas do presidente da Comissão Episcopal para os Leigos, a apresentação de danças tradicionais, e o testemunho de um jovem e de um catequista. A seguir, o Papa iniciou o seu discurso, convidando os congoleses a abrirem as palmas das mãos e olharem para elas.

“Amigos, Deus colocou nas vossas mãos o dom da vida, o futuro da sociedade e deste grande país. Tu és uma riqueza única, irrepetível e incomparável. Ninguém, na história, te pode substituir. Pergunta-te então: Para que servem estas minhas mãos? Para construir ou destruir, dar ou reter, amar ou odiar? Vê! Podes apertar a mão e fechá-la, torna-se um punho; ou podes abri-la e colocá-la à disposição de Deus e dos outros. Jovem que sonhas com um futuro diferente, é das tuas mãos que nasce o amanhã; das tuas mãos, pode vir a paz que falta a este país.” 

 

Na tarde da quinta-feira, 2, o Papa Francisco teve um encontro de oração com sacerdotes, diáconos, consagrados, consagradas e seminaristas na Catedral de Nossa Senhora do Congo em Kinshasa. Ele mostrou sua satisfação por encontrá-los justamente na Festa da Apresentação do Senhor e Dia da Vida Consagrada. Falou de “enormes desafios” a enfrentar para viver o compromisso sacerdotal e religioso nesta terra, marcada por “condições difíceis e muitas vezes perigosas”, por tanto sofrimento. O Papa recordou que ele disse que também há tanta alegria com o serviço ao Evangelho e são numerosas as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. “Vemos a abundância da graça de Deus, que opera precisamente na fraqueza e vos torna capazes, juntamente com os fiéis leigos, de gerar esperança nas situações frequentemente dolorosas do vosso povo”.

 

SEXTA-FEIRA, 03 DE FEVEREIRO 

 

A Missa privada na Nunciatura Apostólica, seguida pelo encontro com os bispos do país na Conferência Episcopal Nacional do Congo, concluíram a visita do Papa Francisco à República Democrática do Congo, antes de se transferir ao Aeroporto Internacional N’dolo de Kinshasa, onde teve lugar a cerimônia de despedida. 

 

O avião da Ita Airways A359 tocou a pista do Aeroporto Internacional de Juba, capital do Sudão do Sul, no meio da tarde da sexta-feira, 3, tendo a bordo o Papa Francisco e séquito, além dos 75 jornalistas de 12 países que o acompanham nesta “Peregrinação Ecumênica de Paz”. 

 

O Papa Francisco encontrou-se com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático, no Palácio Presidencial, em Juba, no Sudão do Sul, na tarde da sexta-feira, 3. 

“Venho como peregrino de reconciliação, com o sonho de vos acompanhar no vosso caminho de paz: caminho tortuoso, mas inadiável. Não cheguei aqui sozinho, porque na paz, como na vida, caminha-se juntos”, disse Francisco, afirmando que foi ao país sul-sudanês “acompanhado por dois irmãos”, o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, primaz anglicano inglês, e pelo moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Greenshield. “Juntos, apresentamo-nos em nome de Jesus Cristo, Príncipe da Paz, estendendo as mãos a cada um de vós e a este povo”, disse o Papa no início de seu discurso. 

 

SÁBADO, 04 DE FEVEREIRO 

 

Na Catedral de Santa Teresa, o Papa Francisco teve o encontro com o clero na manhã do sábado, 4, em Juba, capital do Sudão do Sul. O Pontífice fez alusão às águas do Rio Nilo, que atravessa o Sudão do Sul, bem como recorreu à história de Moisés.

 

Ainda no sábado, 4, o Papa Francisco encontrou-se, em Juba, com um grupo de deslocados internos do Sudão Sul e reforçou seu pedido especialmente em favor do respeito às mulheres. O Sudão do Sul é o país onde há a maior crise de refugiados do continente africano, chegando a cerca de 4 milhões de deslocados. A insegurança alimentar e a desnutrição atinge cerca de 2/3 da população do país. “Infelizmente, neste martirizado país, ser deslocado ou refugiado tornou-se uma experiência habitual e coletiva”, declarou.

 

Trabalhar por uma paz que “integre as diversidades”, difundir “o estilo de não violência de Jesus” e caminhar com passos concretos de caridade e de unidade foram os pontos centrais do discurso do Papa Francisco após a Oração Ecumênica pela paz realizada junto ao Mausoléu John Garang, em Juba, capital do Sudão do Sul, no sábado, 4. O Papa esteve acompanhado nesta oração pelo Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e pelo moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields. Os católicos são maioria no país e o gesto reforço a postura da Igreja Católica em favor do ecumenismo e dos ideais cristão de paz.

DOMINGO, 05 DE FEVEREIRO 

 

No seu último dia de visita ao Sudão do Sul, o Papa celebrou a Santa Missa no Mausoléu de John Garang na manhã do domingo, 5. Na homilia, o Papa Francisco recordou as palavras do Apóstolo Paulo à comunidade de Corinto quando disse: “Não me apresentei com o prestígio da linguagem ou da sabedoria, para vos anunciar o mistério de Deus. Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo e, Este, crucificado” (1 Cor 2, 1-2).

 

O Papa Francisco deixou o Sudão do Sul ao final da manhã do domingo, 5 (no horário local), partindo do aeroporto de Juma, capital do país, com destino a Roma, encerrando, assim, sua 40a viagem apostólica internacional, durante a qual também esteve na República Democrática do Congo.