Papa Francisco inaugura Assembleia Extraordinária do Sínodo do Bispos

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<p>Os 190 padres sinodais que a partir desta segunda-feira, no Vaticano,&nbsp;debaterão o tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”.</p>
Publicado em: 05/10/2014 - 16:00
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

O Papa Francisco inaugurou oficialmente a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos com a missa celebrada esta manhã deste domingo, 5,  na Basílica de São Pedro.

Concelebraram com o Pontífice os cerca de 190 padres sinodais que a partir desta segunda-feira, no Vaticano, debaterão o tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”.

Comentando as leituras do dia, a imagem da vinha do Senhor inspirou a homilia do Santo Padre, por representar o projeto de Deus para a humanidade.

O “sonho” do Senhor é o seu povo: Ele plantou-o e cultiva-o, com amor paciente e fiel, para se tornar um povo santo, um povo que produza muitos e bons frutos de justiça.

Mas tanto na antiga profecia como na parábola de Jesus, o sonho de Deus fica frustrado, pois a ganância e a soberba dos agricultores, aos quais a vinha foi confiada, impediram-lhes de cultivá-la.

“A tentação da ganância está sempre presente”, constatou o Papa. "A ganância de poder e de dinheiro." E os agricultores arruínam o projeto do Senhor pois não trabalham para Ele, mas só para os seus interesses, "carregando sobre os ombros do povo pesos insuportáveis". Quando, na verdade, a tarefa dos líderes do povo é cultivar a vinha com liberdade, criatividade e diligência.

“Também nós somos chamados a trabalhar para a vinha do Senhor, no Sínodo dos Bispos”, disse Francisco, recordando que as assembleias sinodais não servem para discutir “ideias bonitas e originais, nem para ver quem é mais inteligente… Servem para cultivar e guardar melhor a vinha do Senhor, para cooperar no seu sonho, no seu projeto de amor a respeito do seu povo. Neste caso, o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade”.

Todavia, advertiu o Papa, há sempre um risco à espreita, ou seja, de que a ganância e a hipocrisia deixem que alguns servidores de Deus caiam na tentação de se apoderar de sua vinha. Para não frustrar o sonho do Senhor, é preciso se deixar guiar pelo Espírito Santo, que dá a sabedoria e a capacidade de trabalhar com liberdade e criatividade.

“Irmãos sinodais, para cultivar e guardar bem a vinha, é preciso que os nossos corações e as nossas mentes sejam guardados em Cristo Jesus pela «paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência», como diz São Paulo. Assim, os nossos pensamentos e os nossos projetos estarão de acordo com o sonho de Deus: formar para Si um povo santo que Lhe pertença e produza os frutos do Reino de Deus”, concluiu o Pontífice.

Na segunda-feira, dia 6, os trabalhos terão início às 9h. O primeiro tema em debate será "matrimônio e família". O Sínodo encerra-se no domingo, dia 19.

Vigília 

Na tarde de sábado, 4, na Praça de São Pedro, aconteceu uma vigília de oração pelo Sínodo da família, promovida pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), com o tema “Acende uma luz na família".

Foram apresentados testemunhos de três casais italianos em diferentes fases da vida: o noivado, a prole e a reconciliação depois de seis anos de separação. No final desta vigília, o Papa Francisco dirigiu-se aos cerca de 40 mil fiéis para ressaltar que “a família continua a ser escola incomparável de humanidade”:

“A comunhão de vida assumida pelos esposos, a sua abertura ao dom da vida, a atenção recíproca, o encontro e a memória das gerações, o acompanhamento educativo, a transmissão da fé cristã aos filhos… com tudo isto a família continua a ser escola incomparável de humanidade, contributo indispensável para uma sociedade justa e solidária.”

A família é uma escola que encontra no Evangelho a força e a ternura para enfrentar os momentos de infelicidade e de violência, observou o Santo Padre: “ No Evangelho está a salvação que preenche os desejos mais profundos do homem! Desta salvação – obra da misericórdia de Deus e Sua graça – como Igreja somos sinal e instrumento, sacramento vivo e eficaz.”

O Pontífice identificou três atitudes importantes com as quais se poderá renovar a Igreja e a sociedade, para assumir com responsabilidade pastoral as interrogações que esta mudança de época nos traz: a escuta e o confronto sobre a família, com o olhar de Cristo.

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