Papa convida bispos a terem coragem para falar e humildade para ouvir

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Francisco ressalta a grande responsabilidade que os bispos têm de trazer as realidades das igrejas e os Padres serem porta voz das Igrejas particulares
Publicado em: 08/10/2014 - 10:00
Créditos: Edição nº 3022 do Jornal O SÃO PAULO – página 12

Em dois dias de trabalho, já foram registradas mais de 70 intervenções na 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre os desafios pastorais da família no contexto da evangelização, iniciada solenemente no domingo, 5, e que se encerrará no dia 19 de outubro.

“Peço-vos, por favor, estas duas atitudes de irmãos no Senhor: falar com ‘parresia’ – clareza e coragem evangélicas – e escutar com humildade”, aconselhou o Papa Francisco na primeira sessão do Sínodo.

Francisco destacou que os padres sinodais são portadores da voz das Igrejas particulares, congregadas em conferencias episcopais. Ele também ressaltou a grande responsabilidade que os bispos têm de trazer as realidades e as problemáticas das Igrejas.

Renovar a linguagem

De acordo com o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Frederico Lombardi,muitas das intervenções até o momento foram marcadas por pedidos de mudanças na linguagem dos ensinamentos da Igreja sobre a família. Outro grande tema abordado foi referente à “gradualidade”, ou seja, o fato de que há um caminho através do qual os fiéis cristãos se aproximam àquele que é o ideal da família cristã e do Matrimônio cristão na apresentação do Magistério da Igreja.

“Muitas intervenções insistiram sobre a importância de promover o conhecimento objetivo e profundo do Magistério da Igreja, que, muitas vezes, não é suficientemente conhecido”, resumiu Padre Lombardi em um dos encontros diários com os jornalistas – uma das novidades deste Sínodo – realizado terça-feira, 7 de outubro.

Olhar de amor e de misericórdia

Indagado pelos jornalistas sobre a eventual necessidade de existirem mudanças doutrinais neste Sínodo, Dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, na Itália, e secretário especial da Assembleia, considerou que a doutrina não tem um valor abstrato em si, mas sim quando é anunciada a pessoas concretas. “No centro da doutrina está a caridade de Deus, está a misericórdia. Eu creio que este seja o ponto verdadeiramente fundamental: dizer aquela que é a fé da Igreja – e certamente sobre isto não é que a fé da Igreja muda – mas dizê-la olhando as pessoas concretas, reais, para que essa não seja sentida como uma vara que te julga, mas como um olhar de amor e de misericórdia que te alcança”, disse.

O Sínodo não é um parlamento

“Não estamos ali para conquistar maiorias sobre posições apresentadas: estamos ali para trabalhar com o fim de fazer crescer uma vontade comum na Igreja”. Essas foram as palavras do Cardeal Vingt-Trois, arcebispo de Paris e um dos presidentes delegados dessa assembléia do Sínodo, ao ressaltar que a dinâmica do Sínodo não é semelhante à de um parlamento. “A vontade comum será a de mobilizar-se sobre objetivos mais precisos e claros possíveis e que deixem todo o espaço de ação e de colocar em prática nas Igrejas particulares”, completou.

Fernando Geronazzo