‘Não vamos polemizar com extremistas e fanatizados’, diz Cardeal Scherer

A A
Em meio a tantas críticas que Dom Odilo está recebendo por meio das Redes Sociais, ele concede uma entrevista ao O SÃO PAULO
Publicado em: 27/04/2015 - 17:45
Créditos: Redação
Por Rafael Alberto

Presente à 53ª Assembleia Geral da CNBB, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, conversou com exclusividade com O SÃO PAULO. Nesta entrevista, ele revela quais são as novidades das diretrizes para a ação evangelizadora que foram renovadas para o período 2015-2019. O Arcebispo também comenta o fato de haver uma campanha nas redes sociais que o acusa de ser “comunista”. “Só pode ser fruto de muita fantasia. Piada de mau gosto”. Leia a íntegra.

O SÃO PAULO – Reunidos em assembleia, os bispos atualizaram as diretrizes da ação evangelizadora. Quais os novos horizontes contemplados?

Cardeal Odilo Pedro Scherer - As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para 2015-2019, já aprovadas pela Assembleia Geral da CNBB, trazem o horizonte da situação social, política e eclesial em mudança. Por outro lado, trazem a marca dos ensinamentos e apelos do Papa Francisco, sobretudo na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.

Haverá uma revisão do 11º Plano da Arquidiocese de São Paulo incorporando o novo espírito das diretrizes?

Certamente haverá, mas temos ainda um ano de vigência do atual Plano. Portanto, ao longo de 2016, nós faremos os ajustes no Plano de Pastoral da Arquidiocese de São Paulo. A rigor, nosso plano já está sintonizado com as Diretrizes renovadas.

Diante de um Brasil em crise, quais os desafios da nova presidência da CNBB?

A nova presidência da CNBB deverá continuar a promover a fraternidade e a corresponsabilidade de todos os bispos, em favor da vida pastoral da Igreja no Brasil. Ao mesmo tempo, será sua missão manter firme o testemunho da Igreja Católica na sociedade e promover o diálogo com a diversidade das tendências da cultura no Brasil.

Os regionais também renovam seus quadros diretivos. Qual avaliação que o senhor faz do trabalho como presidente do Sul 1 nos últimos quatro anos?

Os regionais deverão renovar agora a sua coordenação. Os últimos quatro anos foram de trabalho sereno e constante para levar à ação as Diretrizes da Ação Evangelizadora. O Regional Sul 1 da CNBB, que congrega as dioceses do Estado de São Paulo, é muito rico de vida eclesial e da uma contribuição expressiva para a Igreja no Brasil.

A Assembleia refletiu sobre as críticas feitas à CNBB pelos possíveis apoios a este ou aquele movimento político?

Este assunto, até este momento [22/4], não foi tratado, pois não há interesse em polemizar com franjas extremistas e fanatizadas. Vamos tratando serenamente de nossa missão religiosa e do testemunho público do Evangelho, que somos chamados a oferecer ao mundo.

A reforma política foi pauta da Assembleia? O que foi discutido?

Sobre a reforma política, há um fato: o Brasil precisa de uma urgente reforma política, e não apenas em campo eleitoral. Há diversas propostas de reforma política. A CNBB ajudou a elaborar uma dessas, transformada em projeto de iniciativa popular. Esse projeto de Lei, para o qual estão sendo coletadas assinaturas, é fruto de um consenso entre muitas entidades da sociedade, Observo que é uma proposta suprapartidária. Portanto, deve-se desfazer a suspeita de que “é um projeto do PT”. Isso não é verdade. Não será um projeto de lei perfeito, mas ele pode e deve ser aperfeiçoado pelo Congresso Nacional. Também observo que esse projeto de lei não vai diretamente para a mesa da presidente Dilma, para a sua sanção. Ainda haverá muita discussão e trabalho a ser feito no Congresso e pelas forças políticas da sociedade. Toda contribuição para melhorar esse projeto é bem-vinda.

Houve quem, nesses dias, espalhasse nas redes sociais que o senhor é “comunista”. O que tem a dizer sobre essa suspeita?

Quem me conhece sabe quem sou e o que penso. Não perdi a minha fé e nem trai minha missão como bispo da Igreja. Essa acusação só pode ser fruto de muita fantasia. É piada de mau gosto. Quem quiser me conhecer melhor, acompanhe-me nas missas que celebro aos domingos, geralmente às 11h, na Catedral da Sé. Meu pensamento também pode ser facilmente conhecido nos artigos que escrevo para o jornal O SÃO PAULO e que são reproduzidos no sitewww.arquidiocesedesaopaulo.org.br.