Na assembleia da CNBB, Bispos aprovam documentos voltados à ação evangelizadora da Igreja no Brasil

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Nos seis dias de encontro, foram refletidos, debatidos, decididos e votados pelos 292 bispos reunidos mais de dez temas relacionados à evangelização e à organização da Igreja no Brasil
Publicado em: 08/09/2022 - 13:45
Créditos: Redação

A CNBB comemora 70 anos: “Voltamos ao Santuário Nacional de Aparecida para nos encontrarmos e vivermos aquilo que é o mais importante na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: a comunhão entre nós”. Assim, o Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, definiu a realização da etapa presencial da 59º Assembleia Geral (AG) da entidade, entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro. 

Nos seis dias de encontro, foram refletidos, debatidos, decididos e votados pelos 292 bispos reunidos mais de dez temas relacionados à evangelização e à organização da Igreja no Brasil, entre os quais a aprovação das atualizações do estatuto da própria CNBB, a revisão da tradução do Missal Romano, o Documento 114 e o itinerário para a instituição do Ministério dos Catequistas. 

Durante a assembleia, também foram comemorados os 70 anos de fundação da CNBB, com uma cerimônia no Santuário Nacional, na noite da quinta-feira, 1º, com homenagens e agradecimentos a todos os que fizeram parte da história da conferência. 

DIRETRIZES À LUZ DO CAMINHO SINODAL 

Outro destaque do encontro do episcopado foi em relação às novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE). A princípio, era previsto o processo de atualização no próximo ano, quando será concluído o quadriênio iniciado em 2019. No entanto, os bispos em assembleia decidiram pela continuidade do processo de escuta até 2025 para a construção das novas Diretrizes. Haverá a incorporação da síntese das respostas diocesanas para o Sínodo 2021-2023 e de outras contribuições. 

Em 2024, a ideia é que a Igreja no Brasil se dedique à recepção e aprofundamento das indicações do documento final da assembleia do Sínodo de 2023 e à oração, como preparação imediata ao Jubileu de 2025. 

Já em 2025, no contexto do Ano Santo, será apresentada, na 62º AG da CNBB, a nova redação do texto das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, fruto maduro de todo esse percurso paciente e participativo. 

PARTICIPAÇÃO 

As comunidades são motivadas a participar desse processo a partir da seguinte questão: “Diante do atual contexto social e eclesial, o que devemos considerar na elaboração das próximas Diretrizes?”. 

As contribuições devem ser enviadas à Comissão do Tema Central, pelo e-mail: temacentral@cnbb.org.br, até 31 de julho de 2023. 
 

NOVO ESTATUTO EXPRESSA A IDENTIDADE DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL 

Após três anos de trabalho realizado por uma comissão presidida por Dom Moacir Silva, Arcebispo de Ribeirão Preto (SP), foi aprovada a atualização do Estatuto Canônico da CNBB. 

Em entrevista coletiva, Dom Moacir ressaltou que esse documento é da CNBB e não da Igreja do Brasil, e acrescentou: “Estatuto Canônico é como se fosse a certidão de nascimento de uma entidade, a carteira de identidade, que diz o que ela é e oque ela faz”. 

MUDANÇAS 

Segundo ele, as principais mudanças são a criação de um preâmbulo de abertura; a inclusão das 12 comissões episcopais permanentes como parte do Estatuto, uma vez que na versão atual eram apenas citadas, e a continuidade das comissões especiais e dos grupos de trabalho. O documento também contém um novo capítulo sobre os bispos eméritos. O texto ainda contempla a forma de organização da Igreja no Brasil com os 19 regionais. 

Após a aprovação do texto pelos bispos, a CNBB deve submetê-lo à avaliação da Santa Sé. Somente após esse processo será possível que o Estatuto entre em vigor. O novo Estatuto deve ser a base para a elaboração de um novo regimento interno da CNBB.
 

TRADUÇÃO DO MISSAL SERÁ ENVIADA PARA CONFIRMAÇÃO DA SANTA SÉ 

Após 18 anos de trabalho, o episcopado brasileiro aprovou as últimas duas partes da revisão da 3º edição típica do Missal Romano, livro que contém os textos litúrgicos da missa. Agora, o texto será submetido à confirmação do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, da Santa Sé. 

Dom Edmar Peron, Bispo de Paranaguá (PR) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, explicou aos jornalistas que o trabalho de revisão da tradução foi pautado pela preocupação de garantir a fidelidade do texto original promulgado pela Santa Sé, em latim, e, ao mesmo tempo, levando em conta questões próprias da língua portuguesa no Brasil, que garantam a correta compreensão do rito celebrado. 

IMPLEMENTAÇÃO 

Após a confirmação da Santa Sé, a CNBB estabelecerá uma data para que a tradução revisada do Missal seja adotada em todas as igrejas no Brasil.

Dom Edmar não sabe precisar qual seria essa data, mas informou que há expectativas entre os bispos que vão desde o 1º Domingo do Advento, em 27 de novembro, ou até a próxima Solenidade de Pentecostes, em 28 de maio de 2023. No entanto, tudo dependerá da confirmação do Vaticano. Para a implementação da nova tradução, a CNBB pretende elaborar um subsídio para ajudar as comunidades a “mergulharem no Missal”, com seus temas, intuições, indicando como utilizá-lo. 

“Além disso, algumas dioceses estão preparando momentos formativos sobre o Missal, o que é muito interessante”, observou Dom Edmar, destacando que essa será uma oportunidade para as comunidades se apropriarem desse livro como uma genuína fonte da espiritualidade eclesial.
 

APROVADOS DOCUMENTOS SOBRE ANIMAÇÃO BÍBLICA E FORMAÇÃO DE CATEQUISTA 

Os bispos brasileiros aprovaram que o texto de Estudo 114, intitulado “‘E a Palavra habitou entre nós’ (Jo 1,14): Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”, torne-se um documento da CNBB. 

A estrutura do documento está dividida em sete capítulos. O primeiro apresenta a iluminação bíblica, a partir da parábola do semeador. O segundo tem por objetivo apresentar o que significa a animação bíblica da pastoral. O terceiro capítulo trata dos desafios a serem enfrentados pela animação bíblica. 

O quarto capítulo fala dos agentes da semeadura: os bispos, padres, diáconos, catequistas, leigos e leigas. O quinto apresenta os tipos de terreno que acolhem a Palavra de Deus, sendo elencados mais de dez tipos. O sexto capítulo fala dos métodos de leitura da Palavra de Deus, sendo os principais a Leitura Orante da Palavra. Por fim, o sétimo capítulo traz propostas concretas para a implantação de projetos da animação bíblica da pastoral nos níveis nacional, regional, diocesano e de comunidades eclesiais missionárias. 

CATEQUISTAS 

Também foi aprovado um subsídio da CNBB com os critérios e itinerários para a instituição do Ministério de Catequistas. Esse material corresponde a um pedido do Papa Francisco na carta apostólica Antiquum ministerium, com a qual instituiu tal ministério. No texto, o Pontífice pede às conferências episcopais do mundo todo que orientem um processo de formação aos candidatos que o receberão. 

O itinerário prevê um período para o discernimento que proporcionará uma formação humana, comunitária, espiritual, doutrinária, teológica e pastoral-missionária.
 

BISPOS PUBLICAM MENSAGEM AO POVO BRASILEIRO SOBRE MOMENTO ATUAL 

Como de costume, no encerramento da Assembleia Geral da CNBB, foi divulgada a mensagem da CNBB ao povo brasileiro sobre o momento atual. 

“Como pastores, temos presentes a vida e a história de nossas comunidades, o rosto de nossa gente, marcado pela fé, esperança e capacidade de resiliência”, iniciam os bispos a mensagem, acrescentando que: “O compromisso com a promoção, o cuidado e a defesa da vida, desde a concepção até o seu término natural, bem como da família, da ecologia integral e do estado democrático de direito, está intrinsecamente vincula- do à nossa missão apostólica”. 

O episcopado reconhece que o País está envolto “numa complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade brasileira”, e faz uma contundente defesa da democracia brasileira: 

“Nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso não significa somente ‘um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos […] se não há um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade’” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 407). 

Por fim, os prelados conclamam toda a sociedade brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições, escolhendo candidatos, para o Executivo e o Legislativo, que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum. 

Acesse a íntegra da mensagem em: https://tinyurl.com/2e7wm9ag

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