Medalha São Paulo Apóstolo destaca testemunho missionário da Igreja na pandemia

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Publicado em: 13/11/2020 - 07:45
Créditos: Redação

A cerimônia de entrega da Medalha São Paulo Apóstolo de 2020 aconteceu na noite desta quarta-feira, 11, no Teatro Tuca, da Pontifícia Universidade de São Paulo.

Devido às medidas preventivas contra o novo coronavírus, o evento aconteceu com um número reduzido de pessoas e foi transmitida pelas mídias digitais.

Prêmio de reconhecimento instituído em 2015, a Medalha São Paulo Apóstolo tem os objetivos de valorizar, estimular e dinamizar a vida eclesial e pastoral na Arquidiocese de São Paulo, homenageando pessoas e instituições foram reconhecidas em sete categorias.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo e idealizador da medalha, enfatizou que, neste ano, o prêmio teve um olhar especial para a realidade da pandemia, marcada por sofrimento, luto e, ao mesmo tempo, por muitas manifestações de solidariedade e caridade das comunidades e da população em geral.

“Nossos premiados representam, de alguma forma, a tantos outros que poderiam ser igualmente homenageados por fazerem tantas coisas boas, dando testemunho do Evangelho”, afirmou Dom Odilo.

TESTEMUNHO LAICAL

[Medalha São Paulo Apóstolo destaca testemunho missionário da Igreja na pandemia]
(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

O jovem Filipe Castelhano Pais foi o primeiro homenageado da noite, na categoria “testemunho laical”. Estudante de Direito, catequista, coordenador do grupo de jovens da Paróquia Santa Rita de Cássia, no Pari, na Região Episcopal Belém, desenvolve projetos de ação caritativa por meio da arrecadação e entrega de alimentos para a população em situação de rua da cidade.

Ao agradecer o prêmio, Filipe recordou as muitas pessoas que colaboraram com sua iniciativa, por meio de doações e se voluntariando no atendimento aos mais pobres. Ele enfatizou que essas atividades de solidariedade se inspiraram na Campanha da Fraternidade de 2020, que teve como tema: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”.

“Nosso objetivo foi colocar em prática as obras de misericórdia que Jesus nos pede. Que nossa vida seja sempre por Cristo, com Cristo e em Cristo”, completou.

[Medalha São Paulo Apóstolo destaca testemunho missionário da Igreja na pandemia]
(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

SERVIÇO SACERDOTAL

O Cônego Raphael Emygdio Peretta, 83, recebeu a medalha na categoria “serviço sacerdotal”. Natural de Caçapava (SP), o homenageado tem 50 anos de sacerdócio, exercido em diversas paróquias da Arquidiocese. Também atuou na formação de futuros padres e diáconos permanentes. Atualmente, colabora na Paróquia São Joaquim, no Cambuci, na Região Episcopal Sé.

Cônego Raphael manifestou sua gratidão à Igreja em São Paulo por acolher sua vocação e a todos aqueles que ao ajudaram na sua formação sacerdotal. “Graças a Deus, tive ótimos mestres que, como instrumentos de Deus, lapidaram-me. Não é nada meu. É dom de Deus que eu recebi por meio das orientações dos meus formadores”, disse.

AÇÃO CARITATIVA E DE PROMOÇÃO HUMANA

[Medalha São Paulo Apóstolo destaca testemunho missionário da Igreja na pandemia]
(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Pároco há mais de 30 anos da Paróquia Senhor Bom Jesus dos Passos, em Pinheiros, Padre Vítor Bertoli tem 92 anos e, desde 1960, é membro do Movimento por Um Mundo Melhor. Ele foi homenageado pelo trabalho que desenvolve na comunidade paroquial desde 1985, atendendo às pessoas em situação de rua e famílias pobres.

Segundo o cálculo do Padre Vítor, foram mais de 140 mil pessoas assistidas por esse serviço caritativo cujo mérito ele atribui a um pequeno grupo de leigos que se dedica à sua organização.

Referindo-se ao movimento ao qual pertence, fundado em 1952, pelo Papa Pio XII, cujo objetivo, o homenageado sintetizou como a transformação do mundo por meio da unidade. “Jesus nos disse que para que mundo creia, é preciso que sejamos um como ele e o Pai são um só. Não há dúvidas todos desejam um mundo melhor”, disse.

AÇÃO MISSIONÁRIA

[Medalha São Paulo Apóstolo destaca testemunho missionário da Igreja na pandemia]

O Padre Marcelo Maróstica Quadro, Pároco da Paróquia São José do Belém, na Região Episcopal Belém, foi o contemplado na categoria “ação missionária”. Ele, que também é coordenador regional de pastoral na mesma região episcopal e diretor da Caritas Arquidiocesana de São Paulo, destacou-se pela ação pastoral e evangelizadora, especialmente, o serviço da caridade aos mais pobres da paróquia e aos refugiados atendidos pela Caritas.

Este homenageado relatou sua surpresa quando soube que foi contemplado nessa categoria. “A Igreja na Arquidiocese de São Paulo é terra fecunda de tantas ações missionárias. Por isso, desejo partilhar essa medalha com tantas pessoas, grupos e pastorais que vivem de forma missionária e corajosamente a sua fé nesta imensa cidade, principalmente neste tempo de pandemia”, afirmou, ressaltando que toda a Igreja é missionária.

INOVAÇÃO NA METODOLOGIA PASTORAL

[Medalha São Paulo Apóstolo destaca testemunho missionário da Igreja na pandemia]
(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

O Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no Jardim América, na Região Episcopal Sé, Padre Michelino Roberto, recebeu a medalha pela inovação na metodologia pastoral.

Na comunidade paroquial da qual está à frente há mais de 10 anos, esse Sacerdote desenvolve um trabalho marcado pelo dinamismo pastoral, valorização da liturgia e formação cristã, especialmente das pessoas que se preparam para o Matrimônio. A Paróquia também mantém uma creche, além de subsidiar atividades assistenciais e necessidades materiais de outras paróquias da Arquidiocese.

Padre Michelino dedicou esse reconhecimento aos seus paroquianos aos quais ele considera os grandes responsáveis pelo dinamismo pastoral e evangelizador da Paróquia. “Nossa paróquia tem muito mais catequistas do que ministros extraordinários da comunhão, por exemplo”, afirmou o Sacerdote, ressaltando a atenção dada para a formação catequética dos fiéis de todas as idades.

Sobre o compromisso de ajudar espiritual e materialmente as comunidades eclesiais mais necessitadas, o Padre explicou que essa foi uma proposta que nasceu na primeira reunião do Conselho Paroquial de Pastoral do qual participou como Pároco. “A comunidade sempre abraçou essa prioridade com bastante alegria e generosidade”, completou.

EDUCAÇÃO CRISTÃ

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(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

A contemplada da categoria educação foi a Irmã Bernadete Nakagawa, religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade de Jesus, mantenedora do Colégio Caritas, em São Mateus, na zona Leste de São Paulo, que realiza um trabalho educacional, confessional e social com cerca de 500 alunos na periferia de São Mateus, na zona Leste da cidade.

Representando a homenageada, que não pôde comparecer à celebração, o Padre Juliano Maroso Gonçalves, Assistente eclesiástico do Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade na Região Episcopal Belém.

Em mensagem enviada para a cerimônia, Irmã Bernadete afirmou que, com os alunos, seus familiares e benfeitores, a instituição educacional realiza projetos e campanhas sociais em prol da comunidade. “Além de ser uma escola de referência na região pelo esforço em transmitir os valores cristãos, pelo esforço em viver um espírito de solidariedade e, principalmente, pela vivência do espírito de família entre alunos, educadores e seus familiares”, manifestou.

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(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

 DEFESA E PROMOÇÃO DA VIDA E DIGNIDADE HUMANA

O coordenador do grupo de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Nicola Isidoro Martorano Filho, patenteou um processo inovador de microestação de tratamento de esgoto, que pode ser transportada a locais de difícil acesso, especialmente áreas de periferia. Por essa iniciativa, ele foi contemplado com a Medalha São Paulo Apóstolo na categoria de defesa da promoção da vida e da dignidade humana.

O pesquisador explicou que o projeto desenvolvido foi inspirado pela Encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, publicada em 2015, e contou com o apoio da Arquidiocese de São Paulo. “Foi um desafio significativo na busca da melhor eficiência e resultado deste equipamento”, afirmou Nicola, que informou, ainda que o grupo está prestes a assinar um contrato com a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) para atender, inicialmente, uma comunidade carente na zona Oeste da capital paulista onde vivem cerca de 200 famílias.

CULTURA

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(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

A instituição contemplada na categoria cultura foi a Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, na Mooca, na Região Episcopal Sé, que se destacou pela iniciativa Operação Saúde, que promoveu a conscientização das pessoas quanto à prevenção, cuidados e o combate à desinformação na pandemia.

Com a ajuda de voluntários e profissionais de várias áreas, foi produzido um conjunto de materiais audiovisuais, usando a internet como principal meio de veiculação de informações, tornando-o acessível à população em isolamento social. Os paroquianos também se mobilizaram para acompanharem as pessoas mais necessitadas, especialmente os idosos e demais pessoas do grupo de risco para o desenvolvimento da forma grave da COVID-19.   

O Pároco, Padre Lorenzo Nacheli falou em nome de todos os paroquianos a quem ele atribuiu o mérito da iniciativa premiada, especialmente todos aqueles que perderam a vida durante a pandemia. “Foi um trabalho de muitas pessoas, que colocaram as próprias capacidades para que ninguém se perdesse”, enfatizou o Padre, sublinhando que esse projeto não se limitará ao período da pandemia, mas continuará depois que essa situação superada, pois a iniciativa é uma maneira de “mostrar a presença de Deus no nosso bairro”.

COMUNICAÇÃO SOCIAL

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(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Na categoria comunicação social, o homenageado foi o Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã (Inbrac), entidade sem fins lucrativos, mantenedora da Rede Vida, primeira emissora de televisão de inspiração católica do Brasil, que tem por vocação a promoção da família e a valorização humana e social, comprometida com a Evangelização.

Representando a diretoria do Inbrac, Lucas Monteiro de Barros, explicou que esse instituto é como a “alma” que garante que a linha editorial e a programação da Rede Vida se mantenham fiéis aos princípios que a regem desde sua fundação, há 25 anos.

“Ao longo deste ano de pandemia, tivemos diversos desafios e as ações sociais pautaram muito nosso trabalho, por meio de iniciativas solidárias em parcerias com diferentes instituições”, destacou Monteiro, reforçando que a Rede Vida conseguiu levar aos lares brasileiros o testemunho de solidariedade e o conforto espiritual, por meio de sua programação religiosa, que teve grande relevância nesse contexto de isolamento social.

SERVIÇO SOCIAL

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(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

O Movimento Eclesial Aliança de Misericórdia foi homenageado na categoria serviço social. Criado no ano 2000, com o objetivo de atender as necessidades da população mais vulnerável, doentes e pobres da capital paulista, a organização tem como prioridade a busca contínua do resgate integral do ser humano.

Ao longo destes 20 anos de existência, realizou inúmeras ações de evangelização e trabalhos solidários permanentes de assistência social e educação à população em situação de rua e alta vulnerabilidade social, tendo como prioridade a busca contínua do resgate integral do ser humano.

O presidente do movimento, Padre Rodrigo Custódio Andrade Ramos, ressaltou que a Aliança de Misericórdia nasceu com o desejo de ser um sinal da misericórdia de Deus entre os mais pobres. “No início, não sabíamos como fazer. Então, começamos a visitar diretamente as ruas do centro de São Paulo e foram os próprios pobres que nos ensinaram a evangelizar”, relatou.

Hoje o movimento está presente em 40 cidades do Brasil e em mais oito países. “Este tempo de pandemia foi muito difícil. Mas, graças a Deus, não faltou trabalho nem solidariedade. Muitas pessoas contribuíram com alimentos, roupas, doações em dinheiro para que o trabalho não parasse”, frisou o Padre.

MENÇÃO HONROSA

A última medalha da noite foi a da categoria de menção honrosa, entregue ao Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras). Organização administrada pela Ordem dos Frades Menores, há mais de 20 anos, tem seu trabalho voltado à população em situação de rua, por meio do atendimento do famoso “Chá do Padre”, nas dependências do histórico Convento São Francisco de Assis, no centro da cidade de São Paulo.

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(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Desde março, mantém uma tenda no centro da capital paulista onde são distribuídas cerca de 2,4 mil refeições diárias à população em situação de rua e pessoas afetadas pelos impactos econômicos da pandemia. Em outubro, foi ultrapassada a marca de 1 milhão de refeições distribuídas.

O diretor-presidente do Sefras, Frei José Francisco de Cassia dos Santos, contou que quando a pandemia começou, a entidade se preparava para atender o público que todos os anos eram atingidos pelo frio dos meses seguintes. No entanto, com o início da quarentena, os frades e voluntários foram surpreendidos com o aumento da fome e da procura por alimentos.

“A tenda se transformou em um grande espaço capaz de articular e mobilizar pessoas”, enfatizou o frade, reconhecendo o grande movimento de solidariedade que se concentrou em torno dessa iniciativa. “Em São Paulo, movimentamos em torno de 650 voluntários e, no Rio de Janeiro, 300, de diversos credos, culturas, inclusive pessoas que não possuíam nenhuma manifestação religiosa e desejavam ajudar”.

Testemunho e estímulo

Ao concluir a cerimônia, o Cardeal Scherer chamou a atenção para o fato de todos os contemplados, em seus agradecimentos, ressaltarem que os trabalhos pelos quais foram homenageados é fruto do esforço de muitas pessoas. “Nossas organizações na Igreja existem para agregar muitas pessoas que se unam a essas iniciativas e sejam estimuladas a praticar a caridade”, disse.

O Arcebispo também recordou que a Igreja em São Paulo continua o seu caminho sinodal, que destaca a conversão e renovação missionária. “As iniciativas aqui destacadas são testemunho de Deus na cidade”, reforçou.

Por fim, recordando a recente Encíclica do Papa Francisco, Fratelii tutti, dom Odilo salientou que todas essas obras e exemplos suscitam fraternidade que ajuda a superar as dificuldades, sofrimentos, sendo sinal da mal estendida a quem mais necessita.

“Que essas medalhas, que são um reconhecimento pelo trabalho realizado, sejam também um estímulo se fazer ainda mais”, concluiu