‘Jesus sofreu na sua carne as consequências do pecado da humanidade’

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Na tarde de hoje, o Arcebispo de São Paulo presidiu a ação litúrgica da Sexta-feira da Paixão do Senhor na capela do Seminário de Teologia Bom Pastor
Publicado em: 11/04/2020 - 10:45
Créditos: Redação

Em profundo silêncio, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, padres, diáconos e seminaristas prostraram-se em frente ao presbitério da capela do Seminário de Teologia Bom Pastor, no Ipiranga, às 15h desta Sexta-feira Santa, 10 de abril.

Neste ano, a ação litúrgica da Sexta-feira da Paixão do Senhor aconteceu sem a presença da assembleia de fiéis, para evitar a aglomeração de pessoas e potenciais riscos de disseminação do novo coronavíus. Pelas redes sociais da Arquidiocese e pela rádio 9 de Julho, muitos uniram-se a este que é um dos momentos centrais da fé cristã.

Cristo assume a nossa humanidade

Após o relato da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, este ano extraída do Evangelho segundo São João (Jo 18, 1-19, 42), Dom Odilo iniciou a homilia lembrando que ao se colocar na cena da Paixão, cada pessoa pode discernir se está ou não ao lado de Cristo.

Dom Odilo afirmou que a crucifixão de Jesus não foi da vontade da Deus, mas decorreu da escolha humana pelo caminho da maldade e do firme propósito de Jesus de estar junto aos homens. “Ele assumiu nossa humanidade em tudo, também nas consequências do pecado”, entre as quais o ódio, a injustiça e a calúnia. “Cristo sofreu na sua carne as consequências do pecado e da maldade da humanidade”, recordou.

O Arcebispo disse, ainda, que o Filho de Deus despojou-se de sua glória para a todos redimir. “Ele se faz o Redentor, aquele que resgata, que consegue reconciliar a humanidade com Deus”, de modo que quem hoje ainda sofre, “pode olhar para Jesus na cruz e ter a certeza de não estar abandonado por Deus”.

Fragilidade e humildade

Dom Odilo ressaltou que Cristo, na cruz, entregou-se confiante por ter a certeza de que não seria abandonado por Deus. “Jesus dá o exemplo de como devemos enfrentar nossas provações quando humanamente nada mais podemos fazer”.

Ao recordar o momento vivido em todo o mundo em razão da pandemia do novo coronovírus, o Arcebispo de São Paulo disse que o vírus colocou em xeque muito daquilo que a humanidade considerava como seguro e que tem levado a todos a refletir sobre as próprias fragilidades.

“Ninguém deve se gloriar de si mesmo, de suas capacidades ou virtudes. Isso também vale para nossas forças sociais, poderes econômicos, forças políticas, partidos, nossa ciência e a tecnologia, por melhor que seja. É sempre bom manter-se humildes, pois somos frágeis. No fim de tudo, conta a nossa vida como dom, contamos nós como pessoas”, enfatizou.

Dom Odilo lembrou que este é o momento oportuno para que todos revejam o próprio modo de vida, reconheçam que um mundo sem Deus um dia pode ruir e que convém repensar as relações sociais, muitas vezes marcadas pelo ódio. “Vale muito mais, mesmo tendo pensamento diverso, compreender-se, respeitar-se, dar-se as mãos, lutar juntos para edificar o mundo melhor. Todos juntos, um com os outros”, disse.

Oração universal

Após a homilia, a ação litúrgica teve sequência com a oração universal pela Santa Igreja, pelo Papa, por todas as ordens e categorias de fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus (aos quais o Senhor Deus falou em primeiro lugar), pelos que não creem no Cristo (a fim de que possam ingressar no caminho da salvação), pelos que não creem em Deus (para que possam chegar ao Deus verdadeiro), pelos poderes públicos e por todos os que sofrem provações.

Este ano foi adicionada uma intenção “por todos os que sofrem as consequências da atual pandemia; para que Deus nosso Senhor, conceda a saúde aos enfermos, força aos que trabalham na saúde, conforto às famílias e a salvação a todos as vítimas mortais”, conforme consta na introdução da oração, publicada em 30 de março pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Adoração da Santa Cruz

Em razão de a missa acontecer sem a assembleia de fiéis, a adoração a Santa Cruz foi feita apenas pelo Cardeal, padres, diáconos e seminaristas que participaram da ação litúrgica, bem como pelas poucas pessoas que auxiliaram na liturgia.

Colocar a própria vida diante de Deus

Na sequência do ato litúrgico, os presentes rezaram o Pai Nosso e foi distribuída a Santa Comunhão.

Posteriormente, o Arcebispo convidou que todos ofereçam a própria vida diante de Jesus e agradeçam por tudo que Ele fez por amor à humanidade. Ele pediu de modo especial pelos doentes e pelos profissionais da área da saúde. Foi ainda feita uma prece pelo fim da pandemia do novo coronavírus.

Coleta para os Lugares Santos

Também por causa da pandemia do novo coronavírus, não foi realizada a Coleta para os Lugares Santos, que acontece tradicionalmente neste dia. Esta foi remarcada para 13 de setembro, por determinação do Papa Francisco.

Manter-se em oração, recolhimento e penitência

Antes da oração sobre o povo, com qual se concluiu a ação litúrgica da Sexta-feira Santa, o Arcebispo de São Paulo exortou que todos se mantenham em clima de recolhimento, oração e penitência, e recomendou especial preparação para a vigília à espera da Ressurreição.

Por fim, Dom Odilo invocou as bênçãos de Deus sobre todos, em especial  os doentes e os profissionais da área da saúde.

Vigília Pascal

No sábado, 11, às 9h, o Cardeal Scherer fará uma transmissão ao vivo em sua conta no Facebook (@domodiloscherer), quando refletirá sobre o Credo e os aspectos da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Às 18h, o Arcebispo presidirá a Vigília Pascal também na capela do Seminário de Teologia Bom Pastor.